Apresentação: No Brasil, as feridas constituem um sério problema de saúde pública, devido ao grande número de doentes com alterações na integridade da pele, embora sejam escassos os registros desses atendimentos. O elevado número de pessoas com úlceras contribui para onerar o gasto público, além de trazer consequências físicas e psicoemocionais, alterando a qualidade de vida e o convívio social do paciente. A Papaína é uma enzima proteolítica presente no látex do vegetal Caricapapaya (mamão-papaia), com ação bactericida, bacteriostática e anti-inflamatória, assim, estimula o crescimento tecidual uniforme, promove o desbridamento enzimático do tecido necrótico e diminui a formação de queloides. A mesma tem indicação no tratamento de úlceras abertas, infectadas e no desbridamento de tecidos desvitalizados ou necróticos em diferentes concentrações conforme o ferimento. Para a úlcera necrótica, deve ser utilizada a papaína a 10%, em casos com exsudato purulento, de 4 a 6% e 2% em tecido de granulação. Os Ácidos Graxos Essenciais (AGE) são necessários para manter a integridade da pele e barreira de água, não são sintetizados pelo organismo, não há contraindicação de uso concomitante com outras coberturas, pode ser aplicado diretamente no leito da úlcera ou em gaze para manter meio úmido até a próxima troca. É importante que o profissional de enfermagem tenha conhecimento, não apenas dos produtos disponíveis no mercado, mas também da fisiologia da cicatrização, dos fatores de risco e das etapas do processo de reparo tissular. Este conhecimento é fundamental para o correto diagnóstico do tipo de lesão e indicação do produto adequado para tratamento da lesão. Este relato tem por objetivo demonstrar a importância de uma adequada avaliação da ferida e escolha correta do tratamento, bem como evidenciar os efeitos desbridantes e cicatrizantes da papaína associada aos AGE em feridas de diversas etiologias. Métodologia: Relato de experiência documental e descritivo de vários pacientes de diferentes faixas etárias com feridas de distintas etiologias como: lesão por pressão, úlceras venosas e arteriais, deiscência de sutura, lesões por trauma, lesão por picada de aranha marrom, queimaduras, fasciíte necrotizante e outras. Todas as lesões foram tratadas com papaína em diferentes concentrações associada aos AGE, conforme a apresentação e evolução de cada lesão. A coleta de dados foi realizada por meio de registro fotográfico tendo as fotos sido realizadas no início e decorrer do tratamento. Considerando-se a natureza diferente das lesões, observou-se que, houve redução considerável das características iniciais como: necrose, exsudato, fibrina, edema, além da formação de tecido de granulação, com contrações das bordas e cicatrização efetiva durante o tratamento, evidenciando a resolutividade da papaína e AGE na reparação tecidual. Os curativos foram realizados a cada 24 horas ou a cada 12 horas quando muito saturado. Considerações finais: Este estudo possibilitou evidenciar a evolução de feridas de diversas etiologias nas diferentes fases de cicatrização, com respostas satisfatórias no tratamento realizado na atenção primária. O uso da papaína e AGE como tratamento tópico mostrou-se eficaz, sem causar nenhum tipo de complicação, com resultado principal de desbridamento, granulação e cicatrização em pacientes com diferentes tipos de lesões.
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