Apresentação: O trabalho é definido por Karl Marx como o processo em que o indivíduo, a partir da própria força e prévia idealização, interage com a natureza transformando-a no intuito de elaborar algo que tenha valor de uso para si e, meio a esse processo, a natureza também transforma o indivíduo e cria-se assim um continuum.Maria Cristina Sanna dissertou acerca do trabalho em enfermagem e seus processos de modo a determinar que o enfermeiro realizava múltiplos processos, sendo eles: Assistir, Administrar, Ensinar, Pesquisar e o processo de trabalho Participar Politicamente. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Enfermagem (DCNEnf) dispõe que dentre as competências do trabalhador graduado em enfermagem esteja “reconhecer o papel social do enfermeiro para atuar em atividades de política e planejamento em saúde”. Entretanto, há um déficit na competência pedagógica e política social dos docentes em cursos de graduação em enfermagem. Nessa perspectiva, a relevância da participação política quanto processo de trabalho do enfermeiro e a alienação o qual capitalismo sujeita os trabalhadores no intuito de impedi-los de compreender seu papel quanto burguês e reivindicar melhorias, o estudo objetiva relatar a construção do processo de trabalho “Participar Politicamente” na formação de acadêmicos de Enfermagem, sendo essa essencial para o enfermeiro. Método: Trata-se de um estudo descritivo, com abordagem qualitativa, do tipo relato de experiência acerca das experiências de participação política que colaboraram para a construção do processo de trabalho “Participar Politicamente” na formação de acadêmicos do curso de Bacharelado em Enfermagem de uma Universidade Federal do interior do Estado de Alagoas. Resultados: A formação de um discente envolve muito mais do que apenas suas aulas e a matriz curricular do seu curso, ela envolve todas as vivências proporcionadas pelo ambiente da universidade, estando estes para além do pragmatismo. A construção do “Participar Politicamente” enquanto um processo de trabalho ocorre de maneira contínua, a partir da articulação entre os conhecimentos proporcionados pelas disciplinas e por atividades extracurriculares, a qual se destacam a participação em projetos de extensão, que promovem contato com uma realidade intrínseca a estudada e a participação de movimentos sociais estudantis, como o Centro Acadêmico e Diretório Central dos Estudantes, que criam espaços de articulação política e gestão colaborativa entre os universitários, fortalecendo a compreensão do acadêmico sobre os processos políticos sociais e do papel do enfermeiro enquanto trabalho com relevância política. Considerações finais: A formação acadêmica de enfermeiros generalistas deve abranger todos os processos de trabalho do enfermeiro de maneira equânime, tendo em vista que serão desempenhados de modo contínuo e articulado ao longo de toda a carreira profissional desses trabalhadores. Dito isso, é necessário apontar que a formação política não deve ser cerceada após as disciplinas de saúde coletiva, mas sim fortalecida para além do ambiente acadêmico, através de projetos de extensão e movimentos sociais estundantis, colaborando com uma formação crítica e reflexiva do futuro enfermeiro, em consonância com a DCNEnf.