O presente trabalho tem o objetivo de refletir sobre as estratégias coletivas de cuidado em saúde mental, considerando os saberes tradicionais do contexto amazônico. Sabe-se que cada território possui suas especificidades, devido às diversas características que o compõem. A Amazônia possui uma grande diversidade no que se refere às populações e coletividades, sendo a saúde mental representada por olhares e concepções diferentes da medicina tradicional. O cuidado em saúde mental ganha um sentido relacional e subjetivo, isto é, baseado na relação e no vínculo que se estabelece com cada pessoa que acessa o sistema de saúde ou que recebe assistência do mesmo. Os saberes tradicionais utilizados para as práticas em saúde evidenciam a potencialidade do território amazônico quando se trata do cuidado. Pois, para além daquilo que a ciência nos ensina, também podemos usufruir de ervas, chás, plantas, entre outros, para a promoção e prevenção da saúde e de outros agravos. Mesmo que a saúde seja um direito de todos, conforme a legislação, percebemos que algumas pessoas ou grupos não têm a garantia de acesso ao sistema de saúde, ou por vezes existem outros obstáculos que o dificultam. No entanto, os modos de fazer saúde na Amazônia oferecem acessibilidade dentro do território, por isso podem ser utilizados como uma das estratégias coletivas de cuidado em saúde mental. Destaca-se que o respeito sobre as culturas e saberes tradicionais é a base para a produção de cuidado e saúde, para a construção de ações que fortaleçam e deem visibilidade às suas especificidades quanto a organização social, política, econômica e de relação com o meio ambiente e ocupação de seu território. Considera-se que a discussão trazida aqui é um tema de relevância para o campo da saúde mental e de boas práticas em saúde mental. Sendo assim, é necessário pensar sobre essa temática além dos aspectos individuais que a cercam, pois investir em boas práticas na saúde mental é essencial para promover o bem-estar e construir alicerces sólidos para uma vida plena e equilibrada. Em diversas áreas remotas da Amazônia, as populações dependem somente das práticas tradicionais como forma de assistência à saúde. É necessária a valorização dessas práticas não só como possibilidades terapêuticas de um povo, mas também como identificação e autoestima dessas comunidades, sobretudo, é fundamental a construção de abordagens inclusivas e eficazes em saúde mental de forma a reconhecer as diversidades de saberes locais e ancestrais permitindo a construção de uma perspectiva positiva sobre o bem-estar. Portanto, para empregar boas práticas de saúde mental nas comunidades amazônicas, é necessário integrar os saberes tradicionais às abordagens terapêuticas, para fortalecer os vínculos com as comunidades e também preservar a diversidade cultural da região amazônica.
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