PROSA NA BIBLIOTECA SOBRE O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA E INCLUSÃO ESCOLAR

  • Author
  • Katherine Alves Silva
  • Co-authors
  • Alba Maria Pinto da Silva , Francisco Jadson Franco Moreira , Leidy Dayane Paiva de Abreu , Maria Lourdes dos Santos , André Ribeiro de Castro Júnior , João Araújo Santiago Martins , Ticiane Freire Gomes
  • Abstract
  • APRESENTAÇÃO

    O autismo ou Transtorno do Espectro Autista (TEA) foi citado inicialmente 1906, como diagnóstico em conformidade ao previsto no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), caracterizada por uma tríade composta por comportamento repetitivo e interesses restritivos, comprometimento na comunicação e habilidades sociais, em diferentes nuances em cada indivíduo. Ressalta-se que depois dos cuidadores de crianças com autismo e seus familiares, os profissionais da educação são os outros indivíduos, no período escolar, que percebem e sinalizam características que podem convergir ao diagnóstico precoce de autismo. A oferta de escolarização para todos, na perspectiva de inserir os alunos com Necessidades Educacionais Especiais na escola regular, é um desafio a ser incorporado e sistematizado no cenário educacional. Sendo assim, como todos são iguais perante a lei, as pessoas com autismo devem ter os seus direitos assegurados, como assim determina a vasta legislação vigente do nosso país. A garantia do acesso e permanência do aluno com autismo na escola, de maneira igualitária e sem quaisquer empecilhos, deve ser uma prioridade, pois somente dessa maneira, será possível afastar ou mesmo impedir o distanciamento desse aluno da educação. Ou seja, buscar uma educação que aproxima, educa, ensina, desperta a curiosidade e o interesse do aluno com autismo pelo conhecimento é imprescindível, para o desenvolvimento de suas potencialidades, além de ser um espaço de socialização e integração. Logo, a vivência teve como objetivo descrever sobre o fortalecimento da inclusão das pessoas com autismo, por meio do projeto Produção do Saber na Biblioteca da Escola de Saúde Pública do Ceará (Prosa Besp).

    DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO

    Trata-se de um relato de experiência do projeto Prosa na Besp, realizado pela equipe de pesquisa da Gepes, no dia 04 de abril de 2023, das 9h00 às 11h00, na Biblioteca da ESP/CE. Na ocasião ocorreu a apresentação de uma reflexão sucinta, a partir de uma organização estruturada pelo próprio formador, caracterizado como o registro de vivências profissionais, cuja característica principal é a descrição da intervenção. O momento foi em alusão às atividades da campanha Junho Vermelho, com a temática Autismo e Inclusão Escolar. A exposição, seguida de debate, contou com a participação dos seguintes convidados: Profissional de Saúde Especialista em TEA, colaboradora da Gerência de Educação Profissional em Saúde (Gedap) da ESP/CE, Diretoria do Instituto Casa de Gui e Presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Cedef), profissionais atuantes na temática, além de 15 convidados de outras instituições colaboradoras. O momento foi gravado e transcrito em diário e analisado com base na literatura.

    RESULTADOS

    O diálogo voltou-se para a necessidade do diagnóstico precoce e à qualificação profissional. Foi destacada a presença de “pré-conceitos” relacionados ao autismo e necessidade de um acolhimento respeitoso com garantia dos direitos por parte da sociedade, o que reforça a importância do diálogo informativo e formativo profissional e social. Dessa forma, o espaço promovido para o diálogo propõe que a “prosa” seja esse espaço dialógico, em que se tem a visão de especialistas sobre a clínica, além de ser o espaço, também, para familiares e cuidadores colocarem suas experiências. Assim, compartilhar o conhecimento adquirido sobre o assunto foi a maneira encontrada pela convidada, para contribuir com os participantes, ao discorrer sobre a necessidade do diagnóstico e conhecimento de cada aluno com TEA, porque a não identificação da condição neurodivergente inviabiliza qualquer contribuição no sentido da inclusão daqueles que a vivenciam. Daí, ser necessário que o professor, a escola conheçam o aluno, em suas singularidades, suas características individuais e as condições referentes à saúde, para melhor contribuir com o seu aprendizado e com suas habilidades, de maneira integral.

    Quanto à vivência, também é ressaltada na fala da colaboradora da Gedap, avó de uma criança com autismo, que falou dos resultados diários dessa relação, ao mencionar o aprendizado sobre união, o compartilhar, ouvir, apreciar, principalmente, não julgando, mas respeitando sempre o esforço dos outros. Porém, não deixou de ressaltar o quanto é prazeroso vivenciar os momentos de alegria, euforia, de lazer com o neto, e de acompanhar a sua evolução. A expositora, como diretora de uma instituição que acolhe crianças e adolescentes com transtorno de neurodesenvolvimento, enfatizou a importância da discussão sobre a temática, como meio de conscientizar a sociedade para a inclusão de pessoas com autismo, numa tentativa de afastá-las do preconceito e, dessa forma, contribuir para a vida, com dignidade.

    Ou seja, todos somos convidados a conhecer, compreender e a contribuir com a promoção dos meios que favoreçam o desenvolvimento da criança que convive com TEA, sobretudo no sentido de mantê-las socialmente nos distintos espaços, com nas escolas, nos grupos sociais, e para aqueles de grau leve, no tempo certo, sejam incluídos nas universidades e no mercado de trabalho. O presidente do Cedef falou sobre o quanto vem se empenhando para corroborar com a reflexão acerca do assunto, destacando que todos devem envidar esforços na busca de ações promissoras voltadas para a inclusão, por ser um direito de todos. As pessoas com autismo são cidadãs com qualidades, inteligência e afetos e que precisam que os distintos segmentos da sociedade as visualizem com dignidade e humanidade, ou seja, estejam prontos para os recepcionar, tanto as pessoas com autismo, em particular, quanto às demais pessoas com deficiência. A iniciativa objetivou promover encontros com as pessoas que vivem e produzem em sociedade, por meio do diálogo sobre o autismo e a inclusão no espaço escolar, numa tentativa de contribui para a conscientização sobre o assunto.

    CONSIDERAÇÕES FINAIS

    A interlocução desenvolvida em muito se voltou para a necessidade do diagnóstico precoce e à qualificação profissional para o devido amparo e direcionamento dos indivíduos com autismo e seus familiares. Também foi destacada a presença de muitos “pré-conceitos” relacionados ao autismo, o que se imagina ocorrer por falta de conhecimento sobre o assunto. O momento da descoberta do diagnóstico ainda se faz assustador e inesperado, sobretudo por ser uma condição clínica ainda envolta em tabus, desse modo é preciso o suporte de profissionais da saúde sensíveis à temática, assim como a ampliação de espaços para debate neste contexto. Portanto, atividades dessa natureza reafirmam a certeza de que se faz necessário um acolhimento respeitoso e cuidadoso, de modo que todos se sintam acolhidos, com garantia dos seus direitos pela sociedade, o que reforça, por outra via, a importância do diálogo informativo e formativo profissional e social.

  • Keywords
  • Transtorno do espectro autista, produção do saber, vivências
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
Back