Apresentação: As neoplasias constituem-se um grupo de mais de 100 doenças, e podem ser definidas como o crescimento exacerbado de células desordenadas ou atípicas, que possuem capacidade para invadir outros tecidos e órgãos. Com o aumento da exposição a agentes carcinogênicos, a incidência de neoplasias vem aumentando progressivamente, deixando explícito as peculiaridades da manifestação da doença nas distintas faixas etárias, uma vez que, quando comparado o desenvolvimento desta em crianças e adolescentes, percebe-se que os fatores de risco, etiologia e causas externas, se diferem dos pacientes adultos. Assim, este estudo objetivou caracterizar o perfil sociodemográfico e clínico de adolescentes com neoplasia no Brasil. Desenvolvimento: Estudo transversal descritivo, realizado através do Registro Hospitalar de Câncer da Fundação Oncocentro de São Paulo. Utilizaram-se informações de adolescentes de 12 a 17 anos, diagnosticados com neoplasias em 2021. Foram excluídas informações incompletas ou que apresentavam erros de digitação. Realizou-se análise descritiva por meio do software Microsoft Excel. Por se tratar de uma pesquisa em base de dados de domínio público, o processo de submissão ao Comitê de Ética e Pesquisa não se fez necessário. Resultados: Em 2021 foram diagnosticados 220 casos de neoplasias, oriundos das distintas regiões brasileiras, sendo grande parte do estado de São Paulo (n=178; 80,9%). 122 (55,5%) eram homens e 98 (44,5%) mulheres. As faixas etárias mais acometidas foram 16 anos entre os homens (n=30; 14,6%) e 17 anos entre mulheres (n=23; 10,5%). Em relação à escolaridade, 34,1% (n=75) apresentavam ensino fundamental incompleto. A maioria dos adolescentes não apresentava diagnóstico ou tratamento prévio (n=146; 66,4%), enquanto uma parcela apresentava ausência de tratamento (n=74; 33,6%). As neoplasias de medula óssea foram as de maior prevalência (n=60; 27,3%), seguidas pelas de ossos longos dos membros inferiores e respectivas articulações (n=22; 10%); linfonodos de cabeça, face e pescoço (n=22; 10%); e glândula tireoide (n=11; 5%). A confirmação microscópica foi a base mais comum para o diagnóstico (n=214; 97,3%), sendo o Sistema Único de Saúde destaque para o atendimento diagnóstico (n=182; 82,7%). Conclusões: A análise dos dados aponta uma predominância de neoplasias entre adolescentes do sexo masculino, colocando em foco a importância de compreender o perfil sociodemográfico e clínico dos pacientes para implementar estratégias eficientes na prevenção e tratamento de neoplasias. Estabelecer medidas direcionadas às necessidades específicas deste público é uma ação importante na garantia de uma abordagem holística e assertiva, capaz de promover melhores resultados e qualidade de vida.