A adolescência é um período de mudanças e maturação em nível biopsicossocial do indivíduo, no qual as condições socioeconômicas, as relações interpessoais, exposição a drogas e a violência, bullying e cobrança social interferem diretamente no desenvolvimento do adolescente. Para as políticas de saúde, em âmbito internacional, considera-se adolescente aquele indivíduo entre 10 anos a 19 anos, 11 meses e 29 dias. Além do mais, o ambiente social e, até mesmo, as experiências negativas do adolescente que frequenta instituição escolar, no qual este está inserido, associado ao processo de desenvolvimento e estressores presentes nesta etapa podem potencializar e favorecer o seu sofrimento psíquico, levando-os a comportamentos prejudiciais à saúde, como a lesão autoprovocada e até mesmo ideações/tentativas de suicidio. À vista disso, enfatiza-se a importância do reconhecimento de fatores associados, às singularidades e percepções dos adolescentes frente à prática de comportamentos autodestrutivos e ideações suicidas. Nesse sentido, o presente estudo questionará: qual a percepção e as características associadas às autolesões praticadas por adolescentes escolares? Frente ao exposto, o estudo terá como objetivo conhecer a percepção de adolescentes escolares com comportamento autodestrutivo frente a lesões autoprovocadas e seus fatores associados. Será uma pesquisa de campo, de abordagem qualitativa, exploratória, vinculada ao projeto matricial “Cuidado de Enfermagem e Educação em Saúde com crianças e adolescentes na Escola”, realizada com adolescentes entre 10 a 19 anos de idade, que tenham episódios de sofrimento/adoecimento mental com comportamentos autodestrutivos prévios, estejam matriculados no cenário do estudo e indicados pela equipe escolar. A escola cenário do estudo pertence a zona urbana de um município do noroeste do Rio Grande do Sul, sendo uma referência para o ensino público de um bairro de vulnerabilidade social. A pesquisa será desenvolvida entre os meses de junho e julho de 2024. Para a coleta de dados será utilizado um roteiro semiestruturado composto pela caracterização dos participantes e 16 questões sobre os fatores associados às lesões autoprovocadas, a presença de ideação suicida e a rede de apoio dos entrevistados. As enunciações serão transcritas na íntegra e, posteriormente, analisadas por meio da análise de conteúdo. Para cessar as entrevistas será utilizado os critérios da saturação de dados. O estudo será realizado em conformidade com os preceitos éticos e legais dispostos nas Resoluções nº 466/2012 e nº 510/2016. O projeto matricial da pesquisa já foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP) da Universidade Federal de Santa Maria, sob o número do parecer 4.879.918. Serão distribuídos os termos de assentimento e consentimento aos participantes e/ou responsáveis. Espera-se conhecer as características associadas à autolesão praticadas por adolescentes escolares, assim como a presença ou não de ideações suicidas. Além disso, considera-se que, a partir dos achados deste estudo, será possível qualificar a atenção à saúde de adolescentes nas escolas, contribuir com a minimização do sofrimento psíquico dos adolescentes, aumentar a qualidade de vida e propiciar o acesso deste público-alvo aos serviços de saúde especializados.
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