A Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) tem como atribuição realizar o acompanhamento do estado nutricional da população indígena no âmbito dos Distritos Sanitários, para conhecer como se apresentam as problemáticas relacionadas a alimentação e nutrição, para que sejam planejadas estratégias de enfrentamento aos agravos nutricionais. Localizado na região da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru, o Distrito Sanitário Indígena Alto Rio Solimões (DSEI-ARS) atende 73.386 indígenas aldeados que são assistidos pelas equipes de saúde indígena, esses povos residem em 241 aldeias, distribuídas em 16 unidade básicas de saúde indígena (UBSI) e 13 polos base (PB), localizados em sete municípios da região do Alto Rio Solimões. As equipes multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) realizam o acompanhamento de mulheres gestantes no âmbito da Vigilância Alimentar e Nutricional Indígena, durante as consultas de pré-natal, sendo realizado no contexto da VAN a avaliação do estado nutricional de mulheres gestantes, por meio dos indicadores peso e estatura, possibilitando a realização da classificação do estado nutricional através da tabela de Índice de Massa Corporal (IMC), por semana gestacional da IOM adaptado, 1992. A realização do acompanhamento mensal do estado nutricional de gestantes indígenas, possibilita realizar o monitoramento e avaliação periódica dessas mulheres, para que ações sejam estruturadas e executadas. O objetivo desse trabalho é apresentar o cenário do estado nutricional de gestantes indígenas, assistidas pelas EMSI do DSEI-ARS. Foi identificado no período de janeiro a dezembro de 2023, de acordo com dados extraídos do módulo da Vigilância Alimentar e Nutricional Indígena existente no Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena (SIASI), 2.313 mulheres indígenas tiveram suas gestações finalizadas, sendo que 2.210 realizaram o acompanhamento nutricional, correspondendo a 95,54% de cobertura, apresentando uma boa cobertura de acampamento. Foram identificadas 399 gestantes classificadas em baixo peso, o que corresponde a 18,05%; 385 classificadas com sobrepeso, correspondendo a 17,42% de gestantes identificadas com peso acima do recomendado para a idade gestacional. Mediante esses resultados, observamos que uma parcela expressiva de gestantes indígenas se encontravam em desvios nutricionais, tanto no quadro do déficit nutricional que é o caso das gestantes classificadas em baixo, quanto das gestantes classificadas com sobrepeso, pois esses indicadores demonstram que essas mulheres no período gravídico encontravam-se em situações refletem a existência da insegurança e desequilíbrio alimentar e nutricional. O estado nutricional consiste na constância entre o equilíbrio do consumo de nutrientes e o dispêndio energético do corpo para fornecer as demandas metabólicas necessárias. O ganho de peso recomendado durante o período gestacional reflete no estado nutricional da mãe e de seu filho, sendo elementos meritórios para uma gestação saudável e para o equilíbrio da saúde. O ganho de peso elevado durante a gestação aumenta os perigos para a ocorrência de consequências como, parto demorado, pré-eclâmpsia, diabetes gestacional, parto cesárea. Diante do exposto, reforçar-se a importância do planejamento de ações específicas para o enfrentamento da insegurança alimentar que reflete no estado nutricional das mulheres indígenas na região do Alto Rio Solimões, no estado do Amazonas.
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