Segundo a Organização Mundial da Saúde (2023), o Brasil lidera o ranking de depressão e ansiedade na América Latina. Nesse contexto, pacientes com transtornos mentais necessitam de cuidado especial, já que a problemática interfere diretamente na qualidade de vida e em suas emoções. Assim, terapias integrativas e complementares, destacando a musicoterapia, possuem papel fundamental no tratamento desses transtornos. De acordo com a Federação Mundial de Musicoterapia (1996), a música pode ser utilizada para promover a aprendizagem, desenvolver habilidades, previnir e tratar doenças, proporcionando qualidade de vida. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi relatar a experiência da utilização da musicoterapia como ferramenta de promoção da saúde em adultos acompanhados no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II). Trata-se de um relato de experiência, em que se descreve uma ação de promoção da saúde, realizada em abril de 2024, através de uma oficina de musicoterapiaem adultos que apresentam sofrimentos mentais graves e persistentes, no município de Juazeiro (BA). A experiência ocorreu durante uma prática da disciplina de Integração, Ensino e Serviço na Comunidade III realizada por estudantes de Medicina, por meio de uma oficina de música interativa com voz e violão, no qual os usuários puderam apresentar sugestões de música, compartilhando vivências e memórias. Durante o planejamento, o grupo realizou uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados do SciELO e PubMed sobre musicoterapia como estratégia de promoção da saúde. A experiência proporcionou ampla interação dos usuários com a atividade, atingindo uma excelente adesão à prática integrativa que os embalaram na cantoria, destravando memórias afetivas, como relatado pelos próprios usuários. Tal afirmação concorda com Bergold e Alvim (2012), os quais acreditam que ovir canções que se relacionam com o cotidiano traz memórias positivas, reduzindo sintomas de ansiedade. Dessa forma, a musicoterapia permitiu maior envolvimento através de expressões verbais e não verbais, podendo ser uma estratégia de inclusão para aqueles com dificuldades de expressão e comunicação. Além disso, os usuários avaliaram a oficina positivamente para a promoção do bem-estar, referindo alívio dos sintomas ansiosos e depressivos no momento da atividade, corroborando com Ibiapina e colaboradores (2022), que constataram a música como potente modulador de respostas fisiológicas e emocionais, promovendo relaxamento e reduzindo o estresse. Paralelamente, este recurso terapêutico evidenciou um melhor estabelecimento de vínculos, tornando o ambiente interativo e melhorando o engajamento. Botelho e Lima (2015) evidenciam que, independente dos transtornos mentais vividos por esses participantes, a terapêutica potencializa essa interação. Dessa forma, a musicoterapia foi utilizada como estratégia de promoção da saúde direcionada para os usuários do CAPS II, sendo possível atingir grande adesão e engajamento do público-alvo, construção de vínculo entre alunos e usuários e melhora referida do bem-estar durante a execução da atividade proposta. Nesse contexto, o uso dessa terapia demonstra-se promissor como ferramenta complementar no cuidado ao indivíduo com transtornos mentais.