SÍFILIS CONGÊNITA EM CRIANÇAS MENORES DE 1 ANO NAS CINCO REGIÕES GEOGRÁFICAS BRASILEIRAS DE 2012 A 2021

  • Author
  • Maria Eduarda Caliari de Brum
  • Co-authors
  • Renata dos Santos Rabello , Daniela Teixeira Borges
  • Abstract
  •  

    Introdução: Em virtude da alta taxa de infecção por sífilis em gestantes no Brasil e sua contribuição na mortalidade neonatal, a sífilis congênita (SC), desde 2016, é declarada pelo Ministério da Saúde como um grave problema de saúde pública no país. Desse modo, compreender a prevalência associada a essa patogênese é importante, pois a SC pode ser considerada um evento sentinela para avaliação da qualidade do pré-natal e da saúde pública para com o recém-nascido. Objetivos: Avaliar a taxa de incidência dos casos de sífilis congênita nas cinco regiões brasileiras durante os anos de 2012 a 2021 e o que essa taxa reflete sobre o Sistema Público de Saúde. Metodologia: Trata-se de um estudo do tipo ecológico com natureza descritiva e temporal realizado com os dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde. Foram coletados dados sobre casos por sífilis congênita (CID-A50) em crianças menores de 1 ano de idade nas cinco regiões geográficas brasileiras nos anos de 2012 a 2021, sendo calculada a taxa de incidência por essa enfermidade. Para o cálculo dessa taxa foram utilizados os casos notificados de SC separados por ano e região como numerador e, como denominador, o número de nascidos vivos também separados por ano e região, por fim essa divisão foi multiplicada por 1000. Resultados: Houve um total de 179.002 casos de sífilis congênita notificados no Brasil no período de 2012 a 2021. A taxa de incidência foi crescente de 2012 a 2018, declinando a partir de 2019, chegando em 2021 (3,7/1000 NV) com taxas parecidas com 2012 (3,6/1000 NV). A maior taxa ocorreu no ano de 2018 (8,3/1000 NV) na região nordeste (8,9/1000 NV), porém a região com maior número de casos no período dos 10 anos analisados foi a sudeste (6,6/1000 NV). Discussão: Embora o Brasil tenha uma cobertura do Sistema Único de Saúde que ultrapassa 90% na maioria das regiões, esse percentual não resultou na redução dos casos de sífilis congênita. Isso pode ser atribuído a falhas durante o acompanhamento pré-natal, como a interpretação incorreta de exames. A alteração das modalidades de financiamento do SUS a partir da promulgação da Emenda Constitucional nº 95 em 2016 dificulta a obtenção dos testes rápidos e da medicação para tratamento da sífilis, tornando-os insuficientes para a grande demanda nacional e contribuindo para o elevado número de casos de SC. Em contrapartida, o aumento do número de notificações de SC no Brasil ao longo dos 10 anos analisados pode ser atribuído ao crescimento e popularização das testagens tanto no pré-natal quanto ao nascimento, também no progresso na vigilância epidemiológica e na ampliação do acesso das gestantes aos serviços de pré-natal disponíveis nas Estratégias de Saúde da Família. Entretanto, é preciso destacar o papel da pandemia por COVID-19 na redução das notificações entre 2020 e 2021. Assim, a SC serve como um indicador-chave da qualidade da assistência pré-natal, mas também da puericultura, que se faz essencial para o diagnóstico precoce da doença. 

  • Keywords
  • Cuidado Pré-Natal, Saúde Pública, Treponema pallidum
  • Subject Area
  • EIXO 2 – Trabalho
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