Introdução: Hepatites virais são consideradas mundialmente um importante problema de saúde pública, além de registar dificuldades dos usuários no acesso a serviços de saúde para o diagnóstico e tratamento e baixo investimento em ações preventivas para grupos populacionais vulneráveis. Há um movimento internacional para avançar na eliminação das hepatites pontuando esse agravo na agenda 2030. Objetivo: Analisar aspectos que facilitam o acesso à atenção as hepatites virais. Método: Pesquisa avaliativa, método misto sequencial, desenvolvida no estado de Mato Grosso, Brasil. Foi mapeado os serviços de referência nas regiões de saúde do estado e a seleção da região seguiu o critério de maior quantidade e heterogeneidade de serviços de atenção especializada. Após foi identificado os stakeholders, sendo os gestores da Secretaria de Estado de Saúde e profissionais dos serviços de referência. Entrevistas guiadas por roteiros semiestruturados foram transcritas e analisadas pela análise de conteúdo e discussão norteada pelas dimensões do modelo de análise de acesso universal a serviços de saúde. Resultados: Na dimensão política o incentivo à descentralização de serviços e adesão ao Consórcio Intermunicipal de Saúde. No aspecto econômico-social a garantia de orçamento público para expansão de serviços de referência e subsídio para deslocamento do usuário às consultas, medicações e exames. Na organizacional garantia de insumos para testagem, definição de fluxo do usuário, facilidade de agendamento de consultas, e coordenação pela atenção primária na testagem e colaborar por meio de diretrizes e protocolos, além de atividades extramuros. Na técnica, o compromisso do profissional com o serviço e a oferta de diferentes horários para atendimento, garantia de um médico infectologista e ampliação de capacitações, além de parcerias intersetoriais. Na simbólica a escuta da experiência do usuário na trajetória assistencial e a empatia do profissional. Registra-se que não foi possível captar na análise das falas dos participantes estratégias sólidas de diretrizes de coordenação estadual focalizadas para testagem em populações indígenas, quilombolas, seringueiros, pescadores artesanais, ribeirinhos, gays, homens que fazem sexo com homens, travestis e transexuais, pessoas que usam drogas, em situação de rua e privadas de libertada. Na Região de Saúde, apenas dois serviços citaram ações com parcerias intersetoriais para estender testagem aos profissionais do sexo. Tal situação expõe a ausência de critérios que sejam alinhados às diretrizes políticas, além de baixa coordenação de ações nos serviços de saúde. Conclusão: Os resultados são fundamentais para avançar na integralidade, mas exige da gestão ampliação da governança regional com atores que cercam o processo decisório em cada ente federado. O espraiamento de serviços de referência é uma opção, mas deve seguir uma análise técnica da perspectiva regional na capacidade de fixação de recursos humanos.
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