Apresentação: Os grupos de estudos são importantes recursos para a constituição e aprimoramento do conhecimento científico, bem como para a construção de novas experiências e percepções entre seus participantes, pois se constituem em metodologias ativas de formação. Espaços como estes apresentam uma perspectiva multi e interdisciplinar, possibilitando maior integração entre docentes, acadêmicos, profissionais, pesquisadores e comunidade em geral e, dessa forma, ampliam os interesses e demandas em comum, visando a integralidade e a qualidade na assistência à saúde. Para movimentos e ações que envolvem a formação em saúde, mostra-se essencial fomentar propostas que possibilitam interações, encontros, escuta, olhar implicado com o outro como aspectos fundamentais na formação de profissionais críticos, reflexivos, interdisciplinares, éticos e comprometidos com práticas de atenção à saúde cidadãs e voltadas ao cuidado, na perspectiva da integralidade. A partir dessas considerações, o texto tem como objetivo refletir sobre as contribuições e impactos de um grupo interdisciplinar e multiprofissional de estudos da área da saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC)/RS na formação em saúde, no âmbito da graduação e pós-graduação. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um texto descritivo, reflexivo que visa relatar aspectos referentes à trajetória, produções e contribuições do Grupo Interdisciplinar Ampliado de Trabalho e Estudos em Saúde (GIATES) da UNISC na formação em saúde. Suas atividades iniciaram no primeiro semestre de 2021, diante da iniciativa e desejo de acadêmicos que mostraram interesse em concentrar esforços na sua formação a partir do conceito ampliado de saúde, saúde coletiva e seus pressupostos para as práticas em saúde. Desde lá, o grupo é coordenado por uma docente/pesquisadora do campo da saúde coletiva e conta com acadêmicos de graduação, mestrandos e doutorandos da área da saúde, docentes, pesquisadores, envolvendo o Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde (GEPS), o Programa de Pós-Graduação Mestrado e Doutorado em Promoção da Saúde (PPGPS), cursos de graduação da área da saúde como enfermagem, medicina, psicologia, odontologia e nutrição da UNISC e de outras instituições de ensino. Os integrantes, todos voluntários, se encontram em uma reunião geral mensal, sendo que cinco subgrupos estudam temáticas distintas focadas nas dissertações dos mestrandos e teses dos doutorandos e encontram-se em outros momentos. Atualmente, no ano de 2024, o grupo conta com 23 integrantes. Como buscas e produções científicas, o grupo tem abordado temas relacionados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), saúde mental, saúde do trabalhador, saúde da população LGBTQIA+, envelhecimento humano e educação e saúde na área rural. Resultados: O interesse de integrantes do GEPS, do PPGPS e da International Federation of Medical Students Association (IFMSA) Brazil/UNISC em ampliar os estudos referentes à promoção da saúde e prevenção de doenças, a partir de uma perspectiva multidisciplinar e interdisciplinar, possibilitou a criação do GIATES. Durante os encontros, o grupo promove levantamentos, questionamentos, reflexões, discussões teóricas e elabora produções científicas acerca de diferentes temas relacionados ao campo da saúde coletiva e da saúde pública. A pesquisa e a elaboração de materiais científicos visando a participação em eventos regionais, nacionais e internacionais, bem como, a publicação de artigos em periódicos científicos também são pautas abordadas pelo grupo. Por meio da articulação dos integrantes de diferentes áreas da saúde, do trabalho e do estudo conjunto acerca das reflexões e práticas de assistência à saúde, o GIATES possibilita o aprimoramento teórico-prático dos futuros profissionais e dos pós-graduandos, além da qualificação das práticas multi e interdisciplinares nos ambientes de trabalho em que se inserem e irão se inserir futuramente. Essas experiências enriquecem as trajetórias de seus integrantes, possibilitando a conscientização e sensibilização em relação às questões da saúde coletiva, da formação para os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) e do trabalho em equipe. Dessa forma, impulsionam atitudes e condutas que envolvem a autonomia e autogestão dos acadêmicos e profissionais nos processos de construção do seu conhecimento e nas atividades cotidianas e pontuais na condução do grande grupo do GIATES e dos seus subgrupos. A autonomia dos integrantes no grupo permite uma atuação lúcida, deliberada, com capacidade criadora, criativa e de autogestão, pressupondo-se assumir o protagonismo das suas ações e iniciativas, responsabilizando-se pela construção de espaços ativos de atuação, realização dos trabalhos científicos e de futuras práticas em saúde. Isso contribui para uma compreensão mais profunda das necessidades específicas do grupo, para além das demandas individuais dos integrantes, dos seus desafios enfrentados, evidenciados pela importância da empatia no trabalho coletivo e do conhecimento, como futuros profissionais da área da saúde. A integração multidisciplinar da equipe, além de promover a aproximação dos seus componentes, oportuniza o reconhecimento da diversidade de conhecimentos e perspectivas nas abordagens relacionadas ao campo da saúde coletiva. Por intermédio das reuniões e também dos estudos e reflexões realizadas ocorre produtiva troca de experiências e conhecimentos que contribuem para a compreensão de visões de diferentes campos da saúde, ressaltando a oportunidade de convivência entre diferentes níveis de formação. Os participantes do GIATES projetam sua divulgação para os outros cursos da área da saúde, de forma a integrar mais acadêmicos e profissionais, o que colabora para o aprimoramento e qualificação do grupo. Dessa forma, considerando as diversas características do GIATES, percebe-se o importante papel que desempenha no desenvolvimento das competências interpessoais, as chamadas soft skills, dos seus participantes. É indiscutível o papel da universidade no desenvolvimento de competências técnicas ("hard skills") através do ensino e formação tradicional, não sendo estimulado o aprimoramento das soft skills. Entretanto, nos atuais cenários do mercado de trabalho e da vida em sociedade, apenas conhecimento técnico não basta, é necessário também que as habilidades comportamentais, emocionais e sociais estejam bem desenvolvidas. E, nesse quesito, o GIATES, através da sua premissa de trabalho em equipe, permite, de forma excepcional, que seus participantes trabalhem suas soft skills, como a proatividade, a comunicação, a empatia e o pensamento crítico. Considerações Finais: A interdisciplinaridade das reflexões e a multidisciplinaridade da formação dos profissionais possibilita ricas experiências de construções coletivas do conhecimento em diferentes temáticas, contribuindo para a formação de profissionais enquanto agentes de transformação e promoção da saúde nos diversos ambientes e espaços de atuação. A participação em grupos de estudo como este apontam para uma experiência de singular relevância, visto que proporcionam novas perspectivas e oportunidades aos acadêmicos. O contato próximo com uma equipe multiprofissional possibilita um aprimoramento das práticas em saúde, a partir de diferentes visões que se complementam e tornam o conhecimento e o cuidado em saúde mais efetivo.