O reconhecimento rápido e a atuação efetiva frente às situações de urgência e emergência são medidas de ação que têm demandado maior visibilidade nos dias atuais, onde os índices de imprudências automobilísticas, criminalidade e violência doméstica encontram-se aumentados.
Nesse âmbito, a Liga em Atendimento Pré-Hospitalar (LAPH) um projeto de extensão vinculado à Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, propõe-se justamente a efetivar a transmissão de conhecimentos elencados à importância do Atendimento Pré-Hospitalar. Exercendo suas funções desde o ano de 2009, o projeto visa, por meio da apresentação de palestras teóricas e atividades práticas, da elaboração de questionários individuais e coletivos, e da divulgação de conteúdos em esferas midiáticas, alcançar toda a comunidade interessada em capacitar-se acerca dos fundamentos teóricos e práticos do APH.
É compreensível, diante dos fatos abordados, que o conhecimento e discernimento correto das medidas a serem tomadas em situações de urgência e emergência são de extrema importância, principalmente pela comunidade leiga. Portanto, através da abordagem proposta neste estudo, valida-se a relevância que a transmissão de conhecimentos verídicos e com fundamentação teórica possuem ao serem passados à população, como, por exemplo, é realizado pela LAPH.
De tal modo, objetiva-se, através do relato de experiência produzido, conscientizar e estimular à comunidade leiga, acadêmica e docente acerca da importância da transmissão de saberes atrelados ao Atendimento Pré-Hospitalar.
A transmissão de conhecimentos voltados ao APH, proposta pela LAPH, se dá através de atividades como: palestras, questionários, minicursos e postagens nas mídias.
Os questionários são atrelados às palestras e são aplicados no início das atividades com questões referentes aos temas que serão tratados na ocasião e ao final de cada apresentação são corrigidas as respectivas questões, a fim de ter um parâmetro do conhecimento prévio dos participantes.
Os minicursos são elaborados conforme o tema solicitado. Inicialmente é realizada a apresentação referente ao assunto, por fim ocorre uma parte prática, na qual é disposto um caso para que os participantes pratiquem brevemente o que viram durante a teoria.
As postagens midiáticas dão-se na plataforma do Instagram, em forma de publicações no feed e nos stories. Estas ocorrem semanalmente e o assunto das mesmas é baseado naqueles já apresentados pela LAPH ou de atividades que a Liga já tenha participado.
Diante das atividades apresentadas, foi realizada a aplicação de questionários ao público, nos quais foram abordados os temas do atendimento pré-hospitalar, como manobras de desengasgo, situações de convulsões, acidentes com queimaduras e fraturas, suporte básico de vida, crises de ansiedade e acidentes com animais peçonhentos. Sobre esse viés, os questionários são utilizados para contextualizar as temáticas e identificar, em síntese, qual o conhecimento da comunidade, no geral, em relação às situações apresentadas e discutidas durante as apresentações.
A partir disso, é possível visualizar que a grande maioria das pessoas são leigas quando o assunto trata-se de atendimento pré hospitalar, possuindo o mínimo conhecimento frente às situações abordadas. Pode-se identificar que as principais dúvidas a serem sanadas pelo público em geral foram em: manobras de desengasgo e acidentes com queimadura, por muitos costumes caseiros são passados de geração em geração.
Sabe-se que os parâmetros epidemiológicos apontam que o índice de óbitos por engasgo notificados entre os anos de 2009 a 2019, em crianças de 0 a 9 anos foi de 2.148 casos, no qual mais de 50% das aspirações ocorrem em crianças menores de 4 anos e mais de 94% antes dos 7 anos de idade. Além disso, aproximadamente um milhão de pessoas são afetadas por queimaduras no Brasil, sendo 150 mil internações representando 30% de crianças entre os acometidos. É importante ressaltar que 70% dos acidentes acontecem em ambiente doméstico, sendo fundamental o conhecimento prévio para aumentar a sobrevida dos acometidos.
Uma vez que o acesso ao mundo digital permite com que as pessoas tenham facilidade à informações prestadas em aplicativos de rápida divulgação, como Instagram e Facebook, é relevante frisar que apesar do caráter benéfico que tais redes visam oportunizar, a divulgação de informações falsas e sem comprovação científica permeiam-as. Em tratando-se de medidas de ação em casos de urgência e emergência e noções de atendimento pré hospitalar, muitas dessas mídias propagadas não condizem com as técnicas adequadas e com isso, muitos “mitos” são criados e divulgados sem embasamento teórico.
Nesse âmbito, é afirmativo que a maior parte da população, mesmo tendo conhecimentos básicos, contudo, não suficientes, necessitam de treinamentos os quais devem englobar a base da sociedade, incluindo crianças. Tendo em vista que um atendimento pré-hospitalar realizado de maneira correta pode acarretar em uma maior sobrevida, torna-se indispensável que o ensino das técnicas corretas desde a educação infantil sejam transmitidas, como ocorre em países desenvolvidos, podendo assim, diminuir a taxa de mortalidade de pacientes necessitados de atendimento imediato em países no processo de desenvolvimento, como o Brasil.
Por fim, a utilização de oficinas práticas e a abordagem de situações do cotidiano, permitem que as pessoas identifiquem com maior facilidade situações parecidas e adversas para a utilização das técnicas.
A partir da análise das atividades desenvolvidas pela Liga em Atendimento Pré-Hospitalar (LAPH) e dos resultados obtidos, é possível inferir a importância crucial da educação em saúde e da disseminação de conhecimentos relacionados ao Atendimento Pré-Hospitalar (APH) na comunidade em geral.
Os métodos adotados pela LAPH, como palestras, questionários, minicursos e postagens nas mídias sociais, demonstraram ser eficazes na transmissão de informações essenciais sobre situações de urgência e emergência, possibilitando a ampliação do conhecimento e o desenvolvimento de habilidades práticas entre os participantes.
É preocupante observar que grande parte da população apresenta conhecimento limitado em relação às medidas de socorro imediato, o que pode resultar em consequências graves em casos de emergência. A identificação das principais lacunas de conhecimento, como no manejo de situações de desengasgo e queimaduras, ressalta a necessidade de intervenções educativas mais abrangentes e acessíveis à comunidade.
Portanto, os resultados desta experiência reforçam a relevância da LAPH e de iniciativas similares no incentivo à formação de uma comunidade mais preparada e consciente em situações de emergência. Investir em educação e capacitação em APH não apenas contribui para salvar vidas, mas também promove uma cultura de prevenção e cuidado que permeia toda a sociedade.