Escutando o chamado do Manifesto Reflorestarmentes, originado durante a II Marcha das Mulheres Indígenas no Brasil em 2021, que ressoa a ideia “corpo é terra, floresta é mente”, este trabalho conflui no destaque a necessidade de cuidado e regeneração dessa ideia. Através do método filosófico genealógico-conceitual, proposto por Martins (2004), o trabalho explora a interação de imaginação e intelecção, destacando, assim, a ideia de "alma" como um conceito que separou a ideia corpo-terra-floresta-mente. O manifesto gerado por milhares de mulheres de diferentes biomas do Brasil, ideia que não desassocia corpo-terra-floresta-mente, foi criado para nos lembrar do saber ancestral de que a Terra é a nossa Grande Mãe e que tudo nela está conectado (ANMIGA, 2024). Shirley Krenak (2024), liderança indígena, destaca a importância de proteger todos os biomas brasileiros, não apenas a Amazônia, diante a destruição causada pelo agronegócio e pela mineração. De acordo com o IBGE, no Brasil, há 305 etnias e 274 línguas indígenas. Diante disso, faz-se fundamental compreender que a diversidade linguística e cultural dos povos indígenas são reflexos de suas epistemologias. Muitos indígenas não têm o português como língua materna, isso significa que essa terra-corpo-floresta-mente não pensa só em português. Essa compreensão pode enriquecer nossa visão do território brasileiro e desafiar mitos colonialistas. A recuperação e valorização dos saberes indígenas, então, são essenciais para uma verdadeira transformação de nossa forma de pensar e agir em relação à natureza e aos modos de vida e a discussão sobre o marco temporal, que limita o direito à demarcação de terras indígenas, é central nessa valorização, especialmente diante das pressões da bancada ruralista no Supremo Tribunal Federal, que refletem ideias do corpo em epistemologias monoculturais. A abordagem de Spinoza, por fim, em relação às imagens e à construção do conhecimento, como detalhado por Nise da Silveira (1995), destaca a importância de compreender a natureza dos afetos humanos, como a alegria e a tristeza, e como eles influenciam nossas experiências. O papel da razão, nessa ênfase, está na compreensão desses afetos e na busca pelo conhecimento verdadeiro, ou seja, da conexão da mente com toda a Natureza.
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