Apresentação: Estima-se que os transtornos mentais sejam a terceira causa de carga de doença, contribuindo consideravelmente para prejuízos de saúde em todas as faixas etárias. Diante disso, o objetivo desse trabalho é descrever a experiência de usuários e usuárias de um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) I acerca da polifarmácia e da presença de condições de saúde associadas.
Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma pesquisa quali-quantitativa realizada no CAPS I de Araranguá, em Santa Catarina, intitulada “Vulnerabilidades em saúde de usuários do Centro de Atenção Psicossocial de Araranguá–SC”. O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina e desenvolvido durante os anos de 2023/2024. Os dados deste trabalho referem-se ao conteúdo extraído da transcrição de quatro grupos focais, que contaram com a participação de 22 usuários e usuárias do CAPS, com mais de 18 anos e no mínimo 6 meses de tratamento. O tema dos grupos foram “suporte social percebido”, no entanto, narrativas sobre condições de saúde e uso de medicamentos emergiram em várias situações. Os participantes foram identificados pela letra P, seguida do número de sequência em que as falas apareceram nas transcrições. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob nº CAAE 45368221.0.0000.0121.
Resultados: O grupo era composto majoritariamente mulheres na faixa dos 50 anos de idade. Foram identificados relatos sobre a polifarmácia de medicamentos psiquiátricos, conforme cita P3: “Tomo 8 tipos de remédio para depressão”. A presença de condições crônicas de saúde como dores crônicas, alterações de coluna, hipertensão arterial e tabagismo, também foram descritas. P12 relata: “Eu ando bem devagarzinho, não consigo andar muito, não sei se é da depressão ou por causa desse meu problema de coluna que eu tenho”. Assim como, percebem a necessidade de uma atenção integral em saúde mental, conforme refere P5: “Daí não é só a depressão, tem vários problemas também né? Então, tudo isso incomoda a gente.”
Considerações finais: Apesar dos avanços obtidos com a implantação da Rede de Atenção Psicossocial, os serviços de saúde mental ainda se apresentam limitados à oferta e/ou regulação do tratamento psiquiátrico, refletindo na fragilidade de atuação no estímulo a iniciativas que incluam efetivamente a promoção de saúde e prevenção de doenças crônicas entre usuários(as) de CAPS.
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