As ações educativas em saúde visam a troca de saberes entre os profissionais de saúde e usuárias/os, no qual esses profissionais têm o papel não somente de educador/a, mas também de cuidador/a, considerando o contexto e nuances que estão inseridos. Logo, durante o período puerperal, em específico, pessoas nessa fase enfrentam uma série de mudanças biopsicossociais. No que tange a esse processo, inicia a partir da expulsão do feto e placenta podendo perdurar até mais de 45 dias, devendo se considerar as particularidades de cada pessoa. Para esse momento se faz importante uma assistência de qualidade que promova educação em saúde, a fim de minimizar os efeitos negativos que esse processo pode desenvolver, bem como auxiliar nessa vivência. Buscando compreender sua totalidade, valorizando os aspectos subjetivos e fazendo valer os seus direitos. A lei preconiza alguns direitos para essas pessoas sendo eles: acompanhamento pré parto, parto e pós parto com direito a acompanhante pelo Sistema Único de Saúde, direito a atestado médico durante as realizações de consultas, licença a maternidade, a pausa para amamentar no retorno ao trabalho até o sexto mês de vida do bebê, estabilidade após retorno ao trabalho. Além disso, existe o direito ao acompanhamento por profissionais de saúde no período puerperal, porém a busca por esse cuidado muitas vezes não ocorre por desconhecimento ou por devida compreensão sobre a importância do mesmo pela equipe de saúde, que direciona neste momento todo o cuidado à criança. Nesse contexto, foi realizado um estudo de abordagem qualitativa, através de pesquisa bibliográfica sistemática, do tipo scoping review. A scoping review foi baseada nas cinco etapas preconizadas no protocolo da Joanna Briggs Institute (JBI): (1) estabelecimento da questão de pesquisa; (2) identificação de estudos relevantes; (3) seleção e inclusão de estudos; (4) organização dos dados; (5) compilação, síntese e relato dos resultados. Na primeira etapa para identificação da questão utilizou-se a estratégia: P (participantes), C (conceito) C (contexto), sendo P- profissionais de saúde/pessoal de saúde/ equipe multiprofissional, C- ações educativas no cuidado à saúde da pessoa no período pós parto, C- serviços de saúde, ambiente virtual, ambiente doméstico. Sendo a pergunta construída: Qual a produção científica sobre ações educativas no cuidado à saúde da pessoa no período pós parto desenvolvidas por pessoal de saúde? A segunda etapa envolveu a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão para realizar a identificação de estudos relevantes. Sendo os de inclusão: artigos originais, dissertações, teses e artigos de relato de experiência, cujos participantes sejam profissionais de saúde que atendem pessoa no período puerperal, que abordem as ações educativas de saúde promovidas para o período puerperal, nos idiomas: inglês, português e espanhol, realizadas no período 2015- 2022, independente do delineamento; disponibilizados na íntegra gratuitamente em meio eletrônico. Os de exclusão serão: artigos que não abordam o objeto da pesquisa, artigos de revisão e literatura cinzenta, exceto a incluída, estudos com pessoas em situações de violência, puerpério com criança ou a pessoa puérpera que precisem permanecer internadas além das quarenta e oito horas pós parto. As bases investigadas foram: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SCIELO), PUBMED, Web of Science, Cinahl (Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature) e Scopus. Em seguida realizou as etapas três utilizando a proposta do Fluxograma PRISMA, quatro utilizando instrumento de extração do JBI adaptado ao objeto e cinco, finalmente identificando os resultados. Os resultados compreenderam total de 594 artigos coletados, 123 duplicadas, 379 excluídos por título, 31 por resumos e restando para leitura do texto completo 53. Os profissionais de saúde como contato de maior interação e vínculo com as puérperas são a equipe de enfermagem. A revisão indicou que momentos de escuta qualificada e acolhimento viabiliza uma troca de saberes entre puérperas e profissionais, bem como a criação de grupos focais auxilia na coleta de informações detalhadas sobre o assunto proposto, que consequentemente resulta em uma intervenção pontual visando a promoção de saúde. Além de atividades como rodas de conversas com linguagem clara e compreensível, dinâmicas interativas, visitas domiciliares elucidando os cuidados primários de mãe e bebê. Dessa forma, buscando ouvir as queixas e demandas, promovendo um ambiente acolhedor para que possam expressar seus sentimentos, dúvidas, preocupações, angústias, medos, de modo a articular uma resolutiva as questões que emergirem. Se faz necessário uma parceria com as outras redes de serviços com mecanismos que atendam demandas específicas, que perpassam pela atenção primária. A vinculação com a atenção secundária e terciária que disponha de recursos e materiais mais avançados, e/ou outras redes de serviços que auxiliem na qualidade de vida. É importante pontuar que a falta de outras redes de apoio pode afetar indiretamente na relação profissional x puérpera, seja por um ruído na comunicação no que tange aos conhecimentos dos seus direitos, ou ausência de outra rede de apoio que por sua vez resulta no abandono ou não adesão ao acompanhamento. Essa problemática corrobora para efeitos negativos no processo, pois as ações educativas em saúde visam prestar serviços de qualidade e de forma efetiva, que promovam segurança ao público alvo, ampliando o conhecimento, desmistificando tabus, buscando desenvolver a autonomia do indivíduo o tornando protagonista da sua história. Conclui-se que se faz necessário a intensificação de estratégias que busquem uma comunicação sem ruídos, assertiva, com avaliações e capacitações profissionais a fim de obter resultados satisfatórios, visando o fortalecimento dessa rede de apoio, contribuindo para o empoderamento, o autocuidado, garantindo o exercício dos direitos sexuais e reprodutivos dessas puérperas. As ações promovidas contribuem diretamente no processo de orientações contínuas e/ou esclarecimentos, prevenção e promoção de saúde, desenvolvimento de habilidade para o autocuidado, assistência pré natal, durante e pós parto. Estas ainda possibilitam avaliar e identificar situações de risco e colaboram para conscientização de práticas saudáveis que auxiliem na qualidade de vida. Também, promovem o acolhimento e garantem um tratamento humanizado, não oferecendo obstáculos no acesso à saúde. Portanto, para que isso ocorra é imprescindível a participação ativa das pessoas puérperas, o fortalecimento de vínculo e estímulo à participação, com direcionamento de acordo com as demandas apresentadas, em prol de um único objetivo que é o bem estar social.