Apresentação: As mulheres representam mais da metade da população brasileira e, dessas, mais de 60,0% estão na faixa etária definida como “mulheres em idade fértil”. Tanto no cenário de saúde integral da mulher, quanto socioeconômico e de direitos civis, houve avanços nas últimas décadas. Entretanto, ainda há dados alarmantes de óbitos de mulheres nessa faixa etária, principalmente, por causas evitáveis.
Objetivo: Sintetizar as evidências sobre mortalidade de mulheres jovens por causas evitáveis no Brasil.
Desenvolvimento do trabalho: Foi realizada uma busca na base de dados Biblioteca Virtual da Saúde, no mês de dezembro, utilizando a chave de busca [(mortalidade) OR (óbito) OR (causas de morte) OR (mortalidade por causas evitáveis) OR (óbito por causas evitáveis) AND (mulheres)].
Resultados: Foram incluídos 30 estudos. Desses, os estudos sobre mortalidade materna foram realizados nas principais cidades e capitais brasileiras e apresentam um padrão semelhante (doenças hipertensivas, infecção puerperal e aborto) que se diferencia, em geral, por reflexo de melhores ofertas e de estrutura dos serviços de saúde. As causas diretas, em grande maioria, são evitáveis por um pré-natal e intervenções adequadas durante a gestação. Considerando as principais causas diretas que são evitáveis, são necessários alguns apontamentos. Primeiro, a mortalidade relacionada ao aborto apresenta números altos no país. Na Pesquisa Nacional do Aborto, 10,0% das mulheres entrevistadas, com idade até os 40 anos, já realizaram aborto. Embora as taxas tenham apresentado declínio na comparação entre os anos da pesquisa, ainda tem dados relevantes em populações mais vulneráveis. Em relação à doença hipertensiva, também é importante destacar o acompanhamento pré-natal. Na literatura, é consenso que o acompanhamento pré-natal, iniciado em tempo adequado, é importante para a detecção precoce e o tratamento oportuno de qualquer condição que possa surgir durante a gestação. Ainda, outros aspectos, como a infecção puerperal são considerados evitáveis a partir de intervenção e de infraestrutura adequada, mas é uma causa mais relacionada ao serviço e a gestão em saúde.
Considerações finais: como trata-se de uma breve revisão da literatura, foi utilizada apenas uma base de dados e os processos de busca e seleção não foram sistematizados. No entanto, sugere-se uma revisão sistemática da literatura, com ampliação de base de dados, chave de busca, idiomas e países para compreender amplamente a temática. Outro ponto, é a sistematização e investigação dos óbitos de mulheres jovens, mulheres em idade fértil e maternos. Quase todos os estudos apresentam limitações relacionadas aos dados e a ausência de dados que são considerados essenciais, mas não são obrigatórios no preenchimento. A ausência desses dados impede um rastreamento das condições sociodemográficas que são essenciais, visto que as iniquidades em saúde interferem nos cenários de óbito feminino.
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