O presente trabalho aborda o processo de territorialização no campo, no cenário do Distrito Federal, de quatro residentes de um programa multiprofissional. O objetivo da territorialização foi conhecer o território em sua subjetividade, suas potencialidades e fragilidades, para a partir dessa experiência, iniciar a atuação no serviço de saúde de atenção primária local. Território é lugar de identidade e pertencimento, as pessoas são seres territoriais e buscam espaços para chamarem de seus. É lá no território que tem luta, organização e potenciais. A experiência foi conduzida por meio do mapeamento da região, das experiências relatadas por moradores, trabalhadores e líderes comunitários, e, andanças. No mapeamento foram elencados os locais com histórico de parcerias com o serviço de saúde, os locais de maior conflito na área, os locais com maior insegurança habitacional, falta ou barreiras de acesso a bens e serviços, vulnerabilidades para geração de renda, locais com incentivo à educação, ambientes de lazer, entre outros. Foram também elencados os portadores de doenças crônicas não transmissíveis que residem no território, os acamados, as principais queixas e situações de vulnerabilidade. A territorialização é um processo dinâmico que influencia diretamente na assistência à saúde. É pela territorialização que se torna possível mobilizar e construir estratégias para a ação. É por meio dele que os profissionais conseguem se implicar no contexto, compreendendo os determinantes sociais da saúde do local onde estão inseridos. Tal compreensão possibilita uma atuação mais compatível com as necessidades da população, favorecendo a adesão ao tratamento, a promoção da saúde e a autonomia dos sujeitos. A territorialização no contexto das residências multiprofissionais em saúde torna-se imprescindível, tendo em vista a brevidade do processo formativo e a importância de que o residente se insira no processo de trabalho com uma percepção mais abrangente sobre o que é fazer saúde, saindo da ótica do modelo biomédico de atenção à saúde. Esse processo favorece uma compreensão do território para além do processo saúde-doença. Não desconsidera os fatores de adoecimento, mas passa a visualizá-los de forma mais abrangente. Serve como base para o planejamento de ações que sejam compatíveis com as necessidades dessa população específica. É por meio desse processo que é possível distinguir as especificidades apresentadas pelas populações do campo, enxergando os indivíduos em sua singularidade, distanciando o pensar em saúde da ótica urbana. Em síntese, não é possível pensar em saúde ampliada e na promoção da saúde sem se implicar no processo. Compreender que o território é vivo e complexo e que é preciso se debruçar, senti-lo sob diversos olhares, planejar e fazer com as famílias. Para isso, é fundamental conhecer o território em que está inserido, suas fragilidades e potencialidades, e assim contribuir com o engajamento dos sujeitos, fortalecendo o acesso à saúde e a garantia de direitos à essas populações.