Este é um resumo que apresenta a experiência de profissionais da psicologia com o planejamento e a condução de um grupo de cuidado e apoio emocional a mulheres vítimas de violências e/ou em sofrimento psicológico. Tal atividade coletiva aconteceu na cidade de Campo Grande – MS, especificamente na “Associação de Moradores Coophavila II” (AMOC), dispositivo social próximo à unidade de saúde referência aos usuários daquele território. Esse grupo foi idealizado e vem sendo executado desde 2022 por profissionais, residentes e preceptor, do programa de residência multiprofissional em saúde da família – SESAU/FIOCRUZ, considerando a importância do trabalho desenvolvido por equipe multiprofissional (eMulti) na atenção primária à saúde (APS). Uma das maneiras de acontecer a atuação de profissionais na APS é por meio de atividades coletivas, como estratégia utilizada para promover o cuidado e a melhoria das condições subjetivas de seus participantes, bem como para fortalecer o vínculo deles com a comunidade onde vivem. E, por ser um espaço constituído de forma conjunta entre profissionais e usuários, o grupo pode possibilitar mudanças mais eficazes e duradouras, facilitando, também, o aprendizado de formas diversas para lidar com situações-problema e para ficarem menos expostos aos diversos motivos de adoecimento. Além disso, os grupos também podem demonstrar importantes indicadores ao planejamento de ações e políticas específicas, pois, para que aconteçam, é importante considerar as reais necessidades das pessoas do território nas diferentes demandas apresentadas pelos usuários. Sendo assim, devido ao aumento de mulheres em sofrimento psicológico a procura de atendimento numa unidade de saúde (USF Coophavila II), foi pensado o planejamento e a criação de um espaço seguro e destinado ao acolhimento e fortalecimento emocional dessas pacientes, com encontros programados semanalmente e com duração média de uma hora e meia. Neles, aconteceram diversas atividades, como: rodas de conversa, práticas integrativas complementares, oficinas de arteterapia e culinária, dinâmicas de grupo, e educação em saúde com temas selecionados e com o apoio de profissionais de outras categorias (serviço social, enfermagem e medicina). Durante os encontros no grupo, as participantes compartilharam experiências diversas, sendo as mais recorrentes as relacionadas a situações de violência doméstica e de conflito familiar, com relato de sintomas indicativos de ansiedade e depressão. A participação de cada usuária foi única e contribuiu, significativamente, para a construção dessa importante ferramenta de autocuidado, afinal, elas relataram inúmeras mudanças em suas vidas, principalmente as relacionadas a diminuição dos sintomas e discursos incapacitantes inicialmente apresentados. A partir desse trabalho, percebe-se a importância do grupo como ferramenta disponível a promoção do bem-estar físico, psíquico e social dos usuários, bem como a necessária atuação dos profissionais de psicologia nos serviços de atenção em saúde pública e coletiva.
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