Resumo
O presente estudo analisa o caso do desmonte de um centro de atendimento à criança com deficiência, o qual ofertava um serviço de atendimento dentro da lógica da clínica ampliada e da PNH e os impactos que a terceirização da gestão, vertical e médico centrista, trouxeram a qualidade do serviço ofertado para o usuário. A falta de comunicação entre as equipes de trabalho, o acolhimento e escuta precários do usuário e o assédio laboral como forma de gestão, são exemplos do ocorrido dentro desta instituição, e de tantas outras afetadas pelas terceirizações, a qual ainda passa por reformulações e onde os trabalhadores da saúde ainda lutam pela sua sobrevivência. A realidade das terceirizações nos últimos anos no Brasil, vem precarizando de maneira galopante a rede SUS em diferentes níveis. A experiência da terceirização no serviço público de saúde nos últimos quinze anos, por meio das organizações sociais, mostra um crescimento desmedido. As mesmas deixaram de ser complementares e prevalecem com contratos sem concursos e sem qualquer fiscalização da administração pública. Permanecem livres para se constituírem em redes de subcontratação, isto é, a terceirização da terceirização. Os serviços constituídos dentro da lógica das políticas públicas do SUS, que anteriormente respeitavam e seguiam preceitos da Política Nacional de Humanização (PNH), da gestão participativa e da clínica ampliada, são substituídos diariamente por modelos com foco no lucro por atendimentos individuais, centrados na doença e sem ações de promoção e prevenção em saúde. A qualidade dos serviços ofertados, dentro da lógica das gestões terceirizadas, vem comprometendo gravemente a saúde da população. A transversalidade na forma de gestão é imprescindível para a oferta de um SUS humanizado de qualidade. Apropriar-se através de educação continuada das políticas públicas do SUS e de sua história, além da união entre os servidores e da comunidade, são estratégias que concluímos dentro da realidade desse caso, importantes na luta contra as precarizações e o desmonte dos serviços do SUS.