APRESENTAÇÃO:
A inserção precoce do estudante de medicina na Atenção Primária à Saúde (APS) é indispensável para a promoção da integralidade na conduta médica dos futuros profissionais. Tal prática permite que os estudantes vivenciem os conteúdos teóricos expostos na disciplina de Necessidades em Saúde (NS), como os princípios que permeiam a organização do Sistema Único de Saúde (SUS). O objetivo deste trabalho foi, portanto, relatar a experiência de um grupo de alunos do primeiro ano do curso de medicina de uma Universidade do sul do Brasil sobre o seu contato com a APS através do estágio observacional extracurricular de vivências em saúde coletiva realizado durante o mês de fevereiro de 2024, em uma Unidade Básica de Saúde na cidade de Pelotas, Rio Grande do Sul.
OBJETIVO:
Evidenciar a inserção antecipada do estudante de medicina nas Unidades Básicas de Saúde como fator indispensável para a promoção da integralidade na conduta médica de futuros profissionais.
DESENVOLVIMENTO:
A cidade de Pelotas conta com 325.685 habitantes e 51 Unidades Básicas de Saúde que abrangem diferentes áreas. Destas, uma delas foi escolhida para realizar a ação observacional, localizada na área urbana da cidade. A UBS de escolha tem seu horário de funcionamento no período da manhã e da tarde, onde os estudantes atuaram no período da tarde todos os dias por 1 semana, das 13h00 até 17h00, totalizando uma carga horária total de 20 horas. A inscrição foi feita a partir do convite da coordenadora da disciplina de Necessidades em Saúde para participar do programa Estágio de Vivências em Saúde Coletiva.
A decisão de realizar um estágio observacional partiu do pressuposto de que a realização de práticas de observação mostram-se grandes aliadas no desenvolvimento de habilidades de comunicação, como o raciocínio clínico - fator determinante para o exercício da medicina. Além disso, ter a chance de ter um primeiro contato antecipado com consultas clínicas mesmo que seja na posição de observador permite aos estudantes a consolidação de seus conhecimentos que anteriormente eram tratados apenas como uma mera teoria, não sendo necessariamente relacionados a uma demanda prática.
Essa inserção permite ainda uma visualização do contexto da profissão de forma fidedigna ao cotidiano de diversos profissionais da saúde, preparando o estudante para a realidade da profissão. E ainda, ao realizar um contato mais próximo com os pacientes e suas demandas os estudantes podem construir um perfil mais humano e com oportunidades de criar suas próprias formas de anamnese e acolhimento do indivíduo que pela lógica do sistema educacional, seriam ensinados posteriormente na faculdade de medicina.
RESULTADOS:
O estágio prático nos proporcionou uma visão crítica da prática clínica da equipe médica, contribuindo significativamente para o desenvolvimento do nosso raciocínio clínico, habilidades de comunicação e, especialmente, para aumentar nossa confiança em conduzir consultas no futuro. Essa experiência prática reforçou a importância e a aplicação concreta dos princípios do SUS no contexto da assistência médica. E ainda, propiciou aos estudantes a construção de um estilo próprio de entrevistar e abordar o paciente a partir da observação de outros estudantes mais avançados no curso e profissionais da área de saúde da família e comunidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
Essa experiência ressalta a importância da observação como metodologia ativa nos primeiros anos da faculdade de medicina, pois insere o novo estudante em um ambiente prático e desafiador, fomentando nesse indivíduo a vocação médica apoiada na visão integral e longitudinal do paciente, já que o incentiva a participar ativamente no caso clínico sendo desde o acolhimento até na finalização do atendimento. Dessa forma, conclui-se que a inserção efetiva de estudantes do ciclo básico na Atenção Primária à Saúde demonstra-se fator essencial para a construção de um profissional completo e humano.