Apresentação: A Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS) em São Paulo, considerando os eixos propostos pela Portaria GM/MS no. 3088/2011, é uma rede composta por cerca de 900 serviços, gerenciados quase totalmente por Organizações Sociais por meio de contratos de gestão e convênios com a Secretaria Municipal da Saúde. Esta, por sua vez, é dividia em 27 Supervisões Técnicas, inseridas em 6 Coordenadorias Regionais de Saúde, agregadas pela gestão central da secretaria. Este fato gera, do ponto de vista da gestão, uma crescente fragmentação, cujos efeitos podem ser percebidos na dificuldade de agenciar o cuidado integral. Objetivo: Analisar efeitos da gestão fragmentada no cuidado em saúde mental na RAPS de São Paulo a partir de dois exemplos levantados: a atuação das políticas públicas nas chamadas “cenas abertas de uso de drogas” e o acesso à diferentes pontos de urgência e emergência para as situações de crises psicossociais. Método: Relato da experiência na gestão municipal a partir das reflexões propostas por autores como Nikolas Rose, Rosana Onocko Campos, Christian Dunker e Sandra Caponi. Resultados: Esses exemplos demonstram que divisão em diferentes instâncias administrativas nos equipamentos de saúde tem como um dos efeitos a criação de critérios cada vez mais específicos e procedimentais que tornam mais difíceis os cuidados aos casos complexos, seja porque estão na cena de uso aberta de consumo de substâncias, seja porque demandam cuidado de urgência: os mais vulneráveis, os que possuem diversas patologias, os que vivem nas ruas. Constata-se que os agenciamentos dos diferentes atores que deveriam conformar as Redes de Atenção estão, no limite, muito mais pautados pela oferta que podem fazer do que pela demanda que precisam atender. Além disso, a gestão fragmentada propicia um aumento da preocupação com os efeitos administrativos do cuidado, em detrimento dos benefícios ao paciente. Considerações finais: A crescente fragmentação da rede complexifica o desafio do cuidado integral aos casos graves. A resposta para isso talvez seja o investimento em mais tecnologias leves de articulação das redes, seja via sistemas de informação, espaços de cuidado às equipes, educação permanente e trabalho cooperativo.