Este trabalho objetiva apresentar a ferramenta denominada “Monitor Carioca das Violências” e sua relação com o monitoramento e acompanhamento pela Atenção Primária à Saúde dos casos notificados por toda rede de saúde pública e privada da cidade do Rio de Janeiro, através da ficha SINAN de violência.
Esse Monitor, tem como objetivo a padronização dos registros do acompanhamento das situações de violência interpessoal e autoprovocada pela Atenção Primária à Saúde, possibilitando o seu monitoramento pela Secretaria Municipal de Saúde: SPS- Superintendência de Promoção da Saúde/ área técnica de violências, Coordenações em Saúde das 10 Áreas de Planejamento – CAP e pelas unidades de saúde.
No primeiro momento, foi priorizado o monitoramento da violência sexual em crianças e adolescentes, com posterior ampliação para as notificações de todos os tipos de violência e ciclos de vida, visando a apropriação da ferramenta pelas equipes em seu processo de trabalho e a sensibilização para a importância do registro neste sistema.
Considerando a complexidade e o sigilo necessário nas situações de violência, o acesso à ferramenta ocorre a partir da autorização pela SPS, das indicações dos profissionais pelos gestores das unidades de saúde e CAP (Grupo Articulador Regional, responsável pelo tema das violências nos territórios).
Os maiores riscos de exposição, o conhecimento epidemiológico de um território quanto às violências praticadas e sofridas, são informações trazidas pelo sistema, que, provocam, por exemplo, a necessária articulação dos serviços em ações de matriciamento dos casos em um determinado território, o envolvimento dos profissionais e a reflexão sobre as práticas de cuidado realizadas e a realizar.
Neste sentido, é possível identificar através deste monitor, principalmente, as notificações ainda não acompanhadas e as acompanhadas pela APS, assim como, usuários não localizados no território, residentes em outros municípios, dentre outros.
Considerando ser a APS a porta de entrada de um cuidado integral, longitudinal, onde a identificação das situações de vulnerabilidade é, muitas vezes, atravessada por casos de violência nos diferentes ciclos de vida e territórios de atuação das equipes de atenção primária, se percebeu a necessidade de (re)conhecer os diferentes tipos de violência acompanhados nos unidades de saúde, e as estratégias necessárias para atendimento às situações identificadas e notificadas.
Nessa perspectiva, a ferramenta tem contribuído para mostrar os limites e possibilidades do cuidado em sua qualidade e completude.
Por fim, esta ferramenta tem permitido a elaboração de um panorama do acompanhamento das violências referidas na cidade do Rio de Janeiro e os desafios para as políticas públicas no seu enfrentamento: a prevenção, promoção, combate e assistência.