Este texto traz para a cena as experiências realizadas pela Diretoria de Educação e Sustentabilidade da SPDM-PAIS, que realiza a gestão de contratos de saúde pública em alguns municípios do país. Diferentemente dos processos formais de formação ou educação permanente que acontecem centrados em serviços ou territórios, este projeto se propôs a ser um dispositivo que pudesse visibilizar e dar voz ao cuidado em saúde mental nos diferentes serviços e redes de saúde através de propostas educativas coletivas e transversais. Para explorar as potências e diversidades da concepção do cuidado na rede de atenção psicossocial (RAPS) realizou-se um ciclo de webinar chamado “Saúde Mental em Movimento”, onde foram discutidos temas pertinentes ao cuidado na atenção psicossocial bimensalmente.
O projeto teve como objetivo não seguir a modularidade e linearidade comuns nos processos formativos de ensino a distância (EAD), mas criar um espaço para que os profissionais-alunos trouxessem as experiências e desafios do cotidiano para o centro das discussões em cada tema-encontro. Diferentes serviços de diversos municípios apresentaram experiências relacionadas ao cotidiano do trabalho e ao tema proposto, reconhecendo-se e trocando saberes a partir das experiências vivas e não necessariamente exitosas.
Nestes encontros ficou destacada a participação majoritária dos serviços da atenção primária e da urgência e emergência, em relação aos serviços específicos de saúde mental. O projeto nos evidenciou a necessidade de espaços de formação para a temática da saúde mental em todos os serviços que compõem a RAPS, fortalecendo a transversalidade do campo. A partir desse projeto, iniciou-se um levantamento de necessidades educacionais específico para o tema da Atenção Psicossocial, através de diferentes metodologias, onde foi possível identificar alguns pontos comuns no que tange o processo de educação permanente realizado in loco, os gaps educacionais que necessitam de formações específicas e o uso da educação como uma ferramenta de gestão. Desencadeando em um novo projeto educacional sobre o campo da Atenção Psicossocial.
Diante da análise dessas intervenções, destaca-se a importância de espaços formativos que abarquem tanto o resgate histórico da Política Nacional de Saúde Mental e da Reforma Psiquiátrica Brasileira, quanto a atualizações e discussões acerca das estratégias e ferramentas de cuidado clínico e territorial em saúde mental para toda a rede. Também convocou a pensar novas metodologias ativas para o fazer da educação, visto que há entraves importantes no que tange a educação permanente no cotidiano e agenda dos serviços.
Desta forma, considera-se essencial a implementação de novas metodologias ativas de ensino-aprendizagem que possam ser eficazes no desenvolvimento de novos conhecimentos, habilidades e ferramentas de trabalho e, que possam ser facilitadoras ao romper barreiras geográficas e estruturais, possibilitando encontros entre diferentes profissionais e redes, acessível ao processo de trabalho e que tenha a práxis e troca de saberes conduzindo a construção dos dispositivos de cuidado pela rede de atenção psicossocial, provocando autonomia e protagonismo de pessoas trabalhadoras e usuárias dos serviços de saúde.