APRESENTAÇÃO O Curso de Direitos Humanos, Participação Social e Promoção da Saúde das Mulheres, surgiu com o objetivo de contribuir na qualificação do debate e na construção de novos conhecimentos e saberes sobre Promoção e Vigilância em Saúde, Ambiente e Trabalho. O curso tem um recorte de gênero, sendo os corpos docente e discente formados apenas por mulheres, tendo a possibilidade de formação em duas modalidades: Curso de Especialização (para mulheres que possuem graduação) e Curso Livre (para mulheres sem graduação ou participantes de movimentos sociais). Sendo o princípio orientador do curso a construção do diálogo interdisciplinar entre educandas e educadoras. A noção de interdisciplinaridade aqui adotada inspira-se na interpretação de Casanova, que a concebe como: Uma relação entre várias disciplinas em que se divide o saber fazer humano, é uma das soluções que se oferecem a um problema muito mais profundo, como a unidade do ser e do saber, ou a unidade das ciências, das técnicas, das artes e das humanidades com o conjunto cognoscível e construtível da vida e do universo. O curso baseia-se também na pedagogia da alternância, no qual é considerado um momento na escola (teoria) e outro na comunidade (prática), trazendo uma relação orgânica entre teoria e prática, adaptando-se às realidades sociais das comunidades ondes estas alunas estão inseridas. Este curso foi dividido em 4 (quatro) módulos, estes por sua vez serão divididos em 10 (dez) encontros ao longo de dois anos: 2024 e 2025. O 1º (primeiro) módulo teve como temática “Determinantes Sociais da Saúde, Sociedade e Políticas Públicas para Mulheres” e foi abordado em 4 (quatro) turnos. O presente artigo pretende relato de experiência em formação-ação, sendo que o 1º (primeiro) mês de curso apresentou as seguintes temáticas. DESENVOLVIMENTO Trata-se de um relato de experiência, baseado na 1ª (primeira) etapa do Curso de Direitos Humanos, Participação Social e Promoção da Saúde das Mulheres, que ocorreu entre os dias 14 e 16 de março de 2024. O curso teve seu ato de abertura no dia 14 de março de 2024, no qual iniciou-se com música e uma atividade de mística em que foi lembrado nomes de mulheres vítimas de feminicídio no Brasil, seguida por uma carta aberta das mulheres palestinas.
A mesa do Ato de Abertura contou com parlamentares, dentre elas representantes dos ministérios: da saúde, de ciência e tecnologia, igualdade racial, pesca e aquicultura, cultura, mulheres e desenvolvimento e assistência social. Além delas, também estiveram presentes representantes da Associação pelos Direitos das Travestis e Transsexuais, Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) e Organização Pan-americana de Saúde (OPAS). As falas ressaltaram as políticas públicas voltadas para as mulheres, a luta contra a violência de gênero e a lembrança de seis anos da morte da vereadora Marielle Franco. A aula magna foi apresentada pela Porfa. Dra. Rosane Borges, com o tema “Questão de raça e gênero”, no qual foram discutidos o direito a vida, acesso aos direitos reprodutivos e atendimento. Com um tema impactante a professora emocionou todos os convidados gerando reflexões e inquietações em relação a realidade do país. No segundo dia houve a apresentação das estudantes, incluindo as estudantes de Curso Livre e Especialização. Neste momento as alunas foram acolhidas umas pelas outras, dividindo suas histórias, vivências e ideais. Esse momento foi muito marcante, pois em conjunto com o corpo docente e a equipe de coordenação pedagógica, as alunas puderam se aproximar por meio de suas vivências, isso também propiciou maior criação de vínculo e empatia entre todas as presentes. Após esse momento sensível, as alunas foram contempladas com a aula da Profa. Dra. Nágyla Drummond, que abordou as questões de raça e gênero, assim como as origens da família, estado e propriedade e como isso impactou na construção de uma sociedade opressora para as mulheres. RESULTADOS ESPERADOS Sendo um curso inédito com modalidades inéditas, espera-se que a formação possa contribuir para uma melhor interação entre as educandas, sejam elas especialistas, trabalhadoras rurais ou participantes de movimentos sociais. Promovendo melhor interação entre estes grupos diversos e contribuindo para a transformação dos espaços das mulheres. Além disso, a troca de experiências pessoais e profissionais durante a formação, seja entre as educandas, ou entre educadoras e educandas, pode contribuir para que novos processos de formação similares possam acontecer, quebrando as barreiras acadêmicas e promovendo debates mais democráticos em relação à temática. Espera-se que ao final do curso, esta formação possa contribuir para o empoderamento das mulheres, proporcionando-lhes ferramentas para atuarem como agentes de transformação em suas comunidades. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir desse primeiro encontro percebeu-se uma mobilização vindo das educandas, educadoras, coordenação pedagógica e parlamentares presentes no ato de abertura, muitas delas compartilhando suas experiências de vida e percepções do peso de “ser mulher”. Espera-se que essas mobilizações consigam atravessar toda a duração do curso, transpassando as todas as envolvidas. Com uma temática e uma matriz curricular que permearão as diversas vertentes do feminismo, discussões sobre classe, violência de gênero, racismo e saúde. Sendo todos esses assuntos abordados apenas por mulheres, desde o corpo docente, quanto o discente e convidadas de movimentos sociais para que os debates ocorram de forma linear respeitando os diversos saberes. Também deve-se levar em conta a situação das duas modalidades. Sendo uma forma de aprendizagem inovadora, trazendo mulheres de comunidades como alunas de curso livre e mulheres com ensino superior completo, muitas delas trabalhadoras das áreas de saúde e justiça social num debate e sistema de aprendizado linear que permita a troca de experiências e construção de novos saberes.