O Museu Bispo do Rosario Arte Contemporânea (MBRAC) integra o Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira (IMAS Juliano Moreira), sendo vinculado à Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro e situado nas imediações do Parque da Pedra Branca, área de proteção ambiental, no território conhecido como Colônia, na Zona Oeste da cidade. Outrora um complexo manicomial, a Colônia Juliano Moreira, inaugurada em 1924, foi o contexto em que Arthur Bispo do Rosario produziu sua obra, atualmente reconhecida como um dos principais nomes da arte contemporânea mundial, tombada pelo IPHAN. Responsável pela guarda, conservação e difusão da obra de Bispo do Rosario e de outros artistas que foram institucionalizados, a instituição desenvolve ações de um museu expandido para além da sua reserva e galerias de exposição, atuando no território a partir de práticas educativas, artísticas e de integração psicossocioambiental. O percurso histórico do Museu Bispo do Rosario se alinha com os desafios e avanços da reforma psiquiátrica na cidade do Rio de Janeiro, através da indução de políticas do Sistema Único de Saúde para a desinstitucionalização de usuários internados por longa permanência. Tendo como premissas as práticas de Bem Viver, a ruptura do modelo manicomial e dos estigmas relacionados às noções de loucura e sofrimento psíquico, o museu expandido indica sua potência como polo para criação de novos saberes e práticas nos campos da arte, educação e saúde. As transformações ocorridas neste território vão constituir, sobretudo a partir da década de 90, estratégias e recursos para o cuidado em liberdade de base comunitária e territorial. Irão, assim, representar um grande processo de transformação, rico de experiências de cuidado e reabilitação psicossocial a partir de agenciamentos e parcerias com os atores da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) desse território e dessa comunidade, com os quais o museu está integrado. Assim, as diretrizes de reabilitação psicossocial junto a usuários com transtornos mentais graves convergiram para ações locais que explicam, de certa maneira, o crescente protagonismo deste museu nos territórios e desenham um perfil diferenciado de concepção e funcionamento, divergente dos museus tradicionais. Experiências como o Ateliê Gaia – coletivo de artistas usuários dos serviços de saúde - o programa de geração de renda e trabalho apoiado Arte, Horta & Cia, os comitês curatoriais, os programas educativos junto às escolas e o Centro de Convivência e Cultura Pedra Branca, potencializam a integração com diversos agentes culturais e do SUS, contribuindo com as práticas de cuidado desenvolvidas em sua comunidade. Assim, o Museu Bispo do Rosario vem se legitimando como um espaço pedagógico, lócus museal fértil, capaz de estabelecer um olhar singular, inovador, que transcende seus próprios muros, e se dinamiza na capilaridade dos territórios da Zona Oeste com estratégias de arte, saúde, educação, cultura, meio ambiente e economia solidária.