Apresentação: Na zona rural, a assistência à saúde enfrenta desafios únicos devido à dispersão geográfica e à falta de acesso a recursos de saúde especializados. Os serviços de saúde nessas áreas muitas vezes são limitados em comparação com áreas urbanas, o que pode resultar em disparidades significativas no acesso aos cuidados de saúde. Também as áreas rurais geralmente carecem de hospitais e clínicas especializadas, o que pode resultar em longas distâncias a percorrer para acessar cuidados médicos básicos e especializados. Sabe-se que a assistência à saúde no meio rural é vital para garantir que essas comunidades tenham acesso a serviços de saúde essenciais sem ter que enfrentar barreiras geográficas e econômicas significativas.A colaboração entre diferentes setores, incluindo governo, organizações não governamentais e comunidades locais, também é essencial para melhorar a assistência à saúde na zona rural. Isso pode envolver parcerias para melhorar a infraestrutura de saúde, fornecer acesso a medicamentos essenciais e promover a conscientização sobre questões de saúde locais. A assistência à saúde no meio rural não se limita apenas ao tratamento de doenças, mas também inclui programas de prevenção e promoção da saúde. Isso é crucial para abordar os determinantes sociais da saúde, como acesso à água potável, saneamento básico, educação em saúde e nutrição adequada, que muitas vezes são desafios nas áreas rurais. Assim, a assistência à saúde na zona rural requer uma abordagem holística e colaborativa que leve em consideração os desafios únicos enfrentados por essas comunidades. Investir em serviços de saúde acessíveis e adaptados às necessidades locais, melhora significativamente o bem-estar das populações rurais e reduz as disparidades de saúde entre áreas urbanas e rurais. Objetivo: Investigar aspectos da assistência à saúde de Estratégias de Saúde da Família de municípios rurais. Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo a partir de um recorte da tese de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), intitulada “EDUCAÇÃO EM SAÚDE: realidade, reflexões e intervenções em escolas da zona rural em municípios do Rio Grande do Sul (RS)”, vinculada ao Grupo de Estudos e Pesquisa em Saúde (GEPS). Para esse estudo foram utilizados os dados de três perguntas oriundas de um questionário, direcionadas aos pais/responsáveis de alunos do nono ano do ensino fundamental em quatro escolas de quatro municípios predominantemente rurais localizados na região central do RS, sendo que todos possuem a agricultura como a principal fonte de renda. As perguntas em análise no presente resumo foram obtidas por meio de um questionário, que continha 50 perguntas fechadas, os quais foram tabulados e analisados pelos integrantes do GEPS, por meio de análise estatística descritiva. No que se refere a apresentação das perguntas foi considerados como resposta as opções “com frequência”, “muitas vezes”, “às vezes” e “raramente”, sendo nesta pesquisa consideradas como: com frequência: Todos os dias/mês/ano; Muitas vezes: 5 vezes na semana/ano; Às vezes: 4 vezes na semana/ano; Raramente: 1 vez na semana/ano. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC, conforme parecer número 5.306.152. Resultados: Ao todo 34 pais/responsáveis responderam o questionário,, sendo que 26 (76,5%) do sexo feminino, quanto ao estado civil, 14 (41,2%) eram casados, seguidos de 13 (38,2%) que se apresentavam em união estável. Quanto à escolaridade dos mesmos, 18 (52,9%) possuíam Ensino Fundamental Incompleto, sendo que dois (5,9%) eram não alfabetizados, apenas um (2,9) possuía Ensino Superior. Em relação às questões vinculadas a problemas de saúde, 17 (50%) dos respondentes salientou possuir alguma patologia, 10 (29,4%) salientaram ainda fazerem uso de medicação contínua para o controle dos sinais e sintomas. Dentre as doenças mais citadas estão depressão, hipercolesterolemia e hipertensão arterial. Quanto a utilização da ESF conforme suas necessidades de saúde, 19 responderam “às vezes”, cinco responderam “com frequência”, quatro responderam “Muitas vezes”, um respondeu nunca ir, e cinco responderam “raramente”. Percebe-se que a população rural tem como referência para a assistência à saúde a procura e utilização da ESF. Sobre a procura de profissional de saúde para atendimento na ESF, 31 responderam “médico” e três responderam “enfermeiro, dentista e outro”, respectivamente. Nesse sentido, percebe-se que a população rural procura o serviço principalmente para atendimento médico, configurando uma assistência centrada no modelo biomédico. E a pergunta sobre a visita da Agente Comunitária de Saúde na casa, 10 pais responderam “às vezes”, 12 responderam “com frequência”, quatro responderam “Muitas vezes”, quatro respondeu nunca ir, e quatro responderam “raramente”. Considerações finais: Considerando os desafios enfrentados pela assistência à saúde na zona rural e na necessidade de uma abordagem integral, é possível concluir que a atuação das ESF em municípios rurais pode ser uma medida eficaz para melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde nessas áreas. As ESF são programas que visam fornecer cuidados de saúde primários de forma integral, focando na prevenção, promoção e tratamento de doenças, e são especialmente adaptadas para atender às necessidades das comunidades rurais.Também promove uma abordagem de saúde centrada na comunidade, levando em consideração os aspectos sociais, econômicos e culturais que influenciam a saúde das pessoas. Além disso, as ESF podem facilitar a integração de diferentes setores e a colaboração entre governo, organizações não governamentais e comunidades locais, conforme mencionado anteriormente. Na assistência à saúde, é importante analisar a disponibilidade de serviços de saúde, e a eficácia de intervenções realizadas, o engajamento da comunidade, a acessibilidade aos serviços, a qualidade do atendimento prestado e o impacto na saúde das populações rurais. Isso requer uma abordagem abrangente que incorpore dados quantitativos e qualitativos, além do envolvimento ativo das partes interessadas locais, e dessa forma, considera-se a importância de existir pesquisas em saúde nesse meio. Em suma, as ESF representam uma estratégia promissora para enfrentar os desafios da assistência à saúde na zona rural, mas é essencial uma análise detalhada de sua implementação e impacto para garantir que atendam efetivamente às necessidades das comunidades rurais e contribuam para a redução das disparidades de saúde entre áreas urbanas e rurais.