A internação neonatal é um momento delicado tanto para os bebês quanto para suas mães, trazendo consigo uma série de desafios emocionais, logísticos e sociais. Além das preocupações inerentes à prematuridade e à adaptação ao ambiente hospitalar, a pandemia de COVID-19 exacerbou essas dificuldades ao impor restrições de contato e isolamento, afetando profundamente a dinâmica das relações sociais. Diante desse contexto complexo, esse estudo teve como objetivo compreender a dinâmica relacional da rede social significativa de mães que tem seus bebês internados em Unidade Neonatal na perspectiva materna no contexto de pandemia por COVID-19. O estudo se caracterizou como qualitativo, transversal, descritivo e exploratório. Para a coleta de dados foi utilizado o Mapa de Redes proposto por Sluzki (2006) como instrumento. Participaram do estudo dez mulheres cujos bebês estavam internados em uma Unidade Neonatal de um hospital localizado no Sudeste do país durante o período da pandemia em 2022. O procedimento de análise foi ancorado na Teoria de Redes proposta por Carlos Sluzki. Foram tomadas todas as medidas éticas aplicáveis à execução da investigação científica. Os resultados da pesquisa foram sintetizados em três frentes de análise da rede social significativa: a partir dos aspectos estruturais (tamanho, composição, densidade, dispersão e homogeneidade/heterogeneidade), dos atributos dos vínculos (história do vínculo, intensidade de compromisso, frequência dos contatos, função predominante do vínculo, multidimensionalidade e reciprocidade) e dos tipos de funções (companhia social, apoio emocional, guia cognitivo e conselhos, regulação social, ajuda material e financeira e função de acesso a novos contatos).
As redes sociais significativas das mães se apresentaram predominantemente de tamanho grande, compreendendo principalmente membros da família. Apesar de grandes e de alta dispersão, muitas redes se mostraram de baixa intensidade de vínculos, demonstrando baixa intimidade e reconhecimento das conexões como possibilidade de apoio. Os membros das redes ofereceram suporte principalmente por meio de apoio emocional, guia cognitivo e de conselhos, e ajuda material e prestação de serviços. No entanto, algumas mães entrevistadas relataram que os formatos de apoio foram insuficientes, especialmente por parte dos parceiros e pais de seus bebês, que não se mostraram corresponsáveis nos cuidados compartilhados com o bebê. Interligado a isso, identificou-se por meio dos relatos de mães que as mães vivenciaram a internação do bebê de forma conflituosa devido o medo da contaminação por COVID-19, causando distanciamento da mãe e rede social no período da internação.
Apesar dos desafios impostos pela pandemia, a rede de social das mulheres mostrou-se efetiva nos contextos neonatais. Essa observação destaca a importância de integrar esse suporte nos cuidados de saúde, transformando-o em um componente estratégico para a humanização das práticas das equipes neonatais. Destaca-se, ainda, a necessidade de investigações futuras que explorem a participação das redes sociais significativas durante a internação neonatal, sob a perspectiva dos membros dessas redes. Tais estudos podem subsidiar políticas públicas voltadas não apenas para a população materna, mas também para aqueles que desempenham papéis importantes oferecendo auxílio às mulheres nesse período.