Apresentação : Famílias de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) vivenciam maiores sobrecargas, desafios e estresses, quando comparadas com famílias de crianças com desenvolvimento típico. Objetivo analisar as repercussões da pandemia da COVID-19 na adaptação familiar de crianças com TEA. Método: Pesquisa qualitativa, orientada pelo Modelo de Resiliência, Stress, Ajustamento e Adaptação Familiar. Participaram 13 famílias de crianças com TEA. Foram realizadas 22 entrevistas (12 mães, dois pais, cinco avós e quatro irmãos) guiadas por roteiro semiestruturado. As entrevistas foram organizadas e analisadas com o apoio de software. Genogramas e ecomapas foram elaborados para representação esquemática das famílias e de sua relação com a comunidade. Os dados foram submetidos a análise temática indutiva sendo realizada verificação e validação do processo de codificação das entrevistas, por diferentes pesquisadores. Resultados: A análise evidenciou cinco categorias (1) Funcionalidade familiar nos cuidados à criança com TEA no período de restrição da pandemia da COVID-19; (2) Repercussões negativas da pandemia da COVID-19 sobre a funcionalidade familiar nos cuidados à criança com TEA; (3) Cotidiano de cuidados da família à criança; (4) Apreciação familiar: do diagnóstico à convivência e perspectivas futuras; (5) Gerenciamento familiar de estressores no contexto de cuidados à criança com TEA. Considerações finais: As experiências de adaptação familiar se revelaram apoiadas por aspectos como a fé e a espiritualidade, a presença de rede de apoio, comunicação e compartilhamento de tarefas entre integrantes da família, oferta de atendimentos em saúde e educação. A sobrecarga materna, experiências de discriminação e ausência de atividades de lazer são experiências comuns a todas famílias participantes da pesquisa. As repercussões negativas da pandemia da Covid-19 na adaptação familiar foram marcadas pela ausência ou restrição da rede de apoio para os cuidados e a intensificação de demandas da criança com TEA, o atraso no desenvolvimento e a regressão de habilidades destas crianças, a apreciação negativa do contexto pandêmico frente às incertezas de informações sobre a cura da doença e a manifestação de ansiedade, depressão por parte dos cuidadores diretos. A insegurança relativa ao futuro das crianças é um preocupação recorrente para as famílias. Os resultados apontam a necessidade de apoio, político e assistencial, a este grupo, no período pós-pandemia da COVID-19, para que as famílias possam gerenciar os desafios.