O cuidado às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) implica em respeitar princípios éticos, técnicos e políticos, organizando pontos de atenção e definindo estratégias para uma assistência qualificada, que requer uma abordagem em rede intersetorial. Sabendo-se da importância e necessidade de qualificação para uma melhor compreensão e atuação junto ao TEA e suas especificidades, esse trabalho objetiva relatar a experiência da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, por meio da Escola de Governo em Saúde Pública (ESPPE), na construção e desenvolvimento de quatro cursos: “Atenção às pessoas com TEA na atenção primária à saúde (APS)”, “A prática inclusiva na escola e as pessoas com TEA”, “Cuidadores de pessoas com TEA” e “Agentes de segurança na abordagem às pessoas com TEA”, voltados para profissionais de saúde da APS, profissionais da educação, cuidadores de pessoas com TEA e agentes de segurança, respectivamente. Os cursos são livres (gratuitos), autoinstrucionais, com carga horária total de 80 horas-aula cada um, e são desenvolvidos através do Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), da ESPPE. O lançamento dos cursos ocorreu em 28 de dezembro de 2023 e desde então, estão disponíveis para acesso. As formações contribuem em seus conteúdos com: Histórica do TEA, características e sinais de alerta, disfunções sensoriais, níveis de TEA, direitos e políticas públicas, epidemiologia e etiologia, diagnóstico, o cuidado na APS, rede de cuidados, educação no TEA, tecnologias assistivas, importância do cuidador, suporte às famílias/cuidadores, agentes de segurança nas abordagens a pessoas com TEA, entre outros. Para suas construções, contaram com uma equipe de profissionais especialistas e com experiência nos temas, assim como, um profissional adulto com TEA que trouxe importantes contribuições. O processo de construção dos cursos foi orientado por encontros e reuniões de alinhamento pedagógico, às quais participavam todos que estavam envolvidos na produção dos diferentes cursos. Este processo se mostrou muito propício a trocas e reflexões dos materiais produzidos, assim como uma dimensão mais ampla da importância da intersetorialidade para os diferentes cursos. No total, 2186 discentes concluíram os cursos, sendo 803 do curso para profissionais da APS, 722 para profissionais da educação, 500 para cuidadores e 161 para agentes de segurança. Ao final de cada curso, o concluinte faz uma avaliação sobre o mesmo, em que, os discentes em sua maioria, avaliaram os cursos como esclarecedores, conteúdos de extrema importância, videoaulas explicativas e de fácil compreensão, clareza e objetividade dos temas abordados, o uso de casos clínicos como essencial e conteúdos atuais. Como ponto negativo, colocou-se a necessidade de haver um complemento presencial ao curso, para que haja uma vivência mais prática e interativa entre discentes. Acredita-se, a partir do número de concluintes, que os cursos alcançaram seus objetivos, contribuindo com mais conhecimento, melhor compreensão das pessoas com TEA e suas necessidades, visando a inclusão delas e o cuidado integral. Além disso, espera-se que o número de concluintes venha a aumentar devido aos cursos ainda estarem disponíveis na plataforma e a divulgação dos mesmos continuar. Ressalta-se a importância de mais formações sobre a temática e também, na modalidade presencial.
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