Apresentação: O momento do nascimento traz consigo mudanças abruptas, exigindo rápida adaptação à nova realidade, e uma forma ágil de avaliar a saúde do recém-nascido é por meio do teste de Apgar, realizado nos primeiros cinco minutos após o nascimento. Este teste analisa as respostas do bebê ao parto e sua transição para a vida extrauterina, considerando parâmetros que somam uma pontuação variando de 0 a 10. No Brasil, a assistência ao parto e ao recém-nascido impacta diretamente na taxa de óbitos perinatais, mostrando que o teste de Apgar é uma ferramenta útil para tomada de decisões quanto à saúde dos recém-nascidos nos primeiros minutos de vida. O objetivo do estudo foi analisar os fatores maternos e neonatais associados ao índice de Apgar de recém-nascidos da região extremo oeste de Santa Catarina nos períodos de 2018 a 2022. Trata-se de uma pesquisa transversal e retrospectiva com utilização de dados secundários desenvolvida no Extremo Oeste de Santa Catarina, composta por todos os recém-nascidos vivos da região, com nascimento no período entre janeiro de 2018 a dezembro de 2022, cujos dados foram obtidos a partir de fontes de domínio público, disponíveis no Departamento de Análise epidemiológica e vigilância de doenças não transmissíveis, no Painel de Monitoramento de Nascidos Vivos da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, com acesso no site:https://svs.aids.gov.br/daent/centrais-de-conteudos/paineis-de-monitoramento/natalidade/nascidos-vivos/ tornando-se dispensável o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os dados coletados foram submetidos a uma análise estatística detalhada, abrangendo tanto análises descritivas quanto inferenciais, com o objetivo de investigar possíveis correlações entre as variáveis sob estudo. Todo o processamento dos dados foi realizado utilizando planilhas eletrônicas no Excel e, posteriormente, exportados para o software estatístico Statistical Package for Social Science for Windows (SPSS) versão 23.0, onde foram realizadas análises mais detalhadas, e para todos os testes realizados, consideramos um nível de significância de p < 0,05 como critério para identificar resultados estatisticamente significativos. Resultados: A amostra consistiu em 14.733 nascidos vivos, ocorridos entre os anos de 2018 e 2022, na região do Extremo Oeste Catarinense. Houve uma distribuição relativamente equilibrada entre os sexos, com 7.580 recém-nascidos do sexo masculino (51,4%) e 7.153 do sexo feminino (48,6%). A maioria dos bebês (90,9%) nasceu a termo, sendo que 69% foram entregues por cesariana e apenas 31% por parto vaginal. Uma pequena proporção apresentou peso inferior a 2.500 gramas (5,7%), enquanto 7,6% nasceram prematuramente. O número de consultas pré-natais pode ter um impacto significativo nos resultados neonatais. Neste estudo, a grande maioria das gestantes realizou mais de sete consultas durante o pré-natal, o que representou 85,9% dos casos (12.656). Por outro lado, 11,5% das gestantes (1.699 casos) tiveram entre 4 e 6 consultas, enquanto apenas 2,6% (376 casos) tiveram até 3 consultas. Além disso, observou-se que a maioria das gestantes iniciou o pré-natal no primeiro trimestre da gravidez, com 84,6% dos casos (12.360). A análise da relação entre os índices de Apgar no 1º e 5º minuto com as variáveis maternas e fetais revelou que mães com menos de 19 anos apresentam uma tendência a ter uma proporção mais elevada de recém-nascidos com pontuações baixas (0 a 4), indicando um possível aumento do risco neonatal nesse grupo (p = 0,08). Além disso, o tipo de gestação mostrou uma associação significativa com os índices de Apgar nos dois momentos avaliados (p = 0,01). Gestações únicas registraram uma proporção significativamente maior de recém-nascidos com índices de Apgar entre 8 e 10 (98,3% no 1º minuto e 98,2% no 5º minuto) em comparação com gestações duplas. Quanto à idade gestacional, não foram observadas diferenças estatisticamente significantes nas proporções de Apgar no 1º minuto entre os trimestres de gestação (p = 0,57). Quanto ao acompanhamento pré-natal, as análises estatísticas revelam que o número de consultas pré-natais influenciou significativamente os índices de Apgar tanto no 1º quanto no 5º minuto (p = 0,01). Mulheres com até 3 consultas pré-natais apresentaram uma proporção significativamente menor de recém-nascidos com Apgar de 8-10 (2,4% no 1º minuto e 2,4% no 5º minuto) em comparação com aquelas que tiveram mais de 7 consultas. Isso ressalta a importância do acompanhamento pré-natal adequado para garantir a saúde dos recém-nascidos. Em relação à idade gestacional, bebês nascidos com idades gestacionais mais avançadas (37 semanas ou mais) exibiram uma proporção de 93,3% de pontuações de Apgar entre 8 e 10, em contraste com apenas 10% para idades gestacionais de 22 a 27 semanas. Os valores de p para ambas as situações foram estatisticamente significantes (p < 0,01), destacando a forte relação entre a idade gestacional e as pontuações de Apgar. No que diz respeito ao peso ao nascer, bebês com pesos mais elevados (acima de 2500g) também demonstraram uma proporção significativamente maior de pontuações entre 8 e 10, alcançando 95,1%, enquanto aqueles com pesos mais baixos (abaixo de 1500g) registraram 14% de pontuações mais baixas. Mais uma vez, os valores de p para ambas as situações foram estatisticamente significantes (p < 0,01), ressaltando a relação entre o peso ao nascer e as pontuações de Apgar. E por fim, o tipo de parto está significativamente associado às pontuações de Apgar em ambos os minutos avaliados (p = 0,01). Partos por cesariana tendem a apresentar uma proporção mais alta de pontuação de Apgar entre 8 e 10 em comparação com partos normais.
Considerações finais: Pode-se concluir que a idade gestacional e o peso ao nascer emergiram como fatores cruciais na saúde neonatal. Embora a maioria dos bebês tenha nascido a termo e com pesos adequados, foram observados casos de partos prematuros e baixo peso ao nascer, o que ressalta a importância do acompanhamento adequado da gestação. A alta proporção de cesarianas também despertou atenção, indicando a necessidade de uma análise mais detalhada das práticas médicas na região. Além disso, os resultados revelaram associações significativas entre as pontuações de Apgar e variáveis como idade gestacional, peso ao nascer, sexo do recém-nascido e tipo de parto. Essas associações realçam a importância dessas variáveis na avaliação da vitalidade neonatal. Em suma, os dados deste estudo oferecem uma base sólida para o desenvolvimento de estratégias de assistência neonatal na região do Extremo Oeste de Santa Catarina.