Em 2009 foi instituída a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, porém, ainda existem muitos desafios para sua implantação, sendo o racismo institucional uma das principais barreiras. Este é responsável por potencializar as vulnerabilidades, operando através de barreiras de acesso à direitos ou por negligência às necessidades das pessoas negras, produzindo diferenças no tratamento direcionado aos grupos sociais de acordo com a sua raça/cor. Dentro desse contexto, tem-se a Doença Falciforme (DF), uma doença genética hereditária que acomete majoritariamente a população negra, e a Atenção Primária à Saúde (APS) deve ser um ponto de articulação e cuidado longitudinal dos usuários com DF. Deste modo, é necessária a qualificação de gestores e trabalhadores para atuação conforme as diretrizes da referida Política, sendo as ações de educação permanente em saúde uma das estratégias para o alcance deste objetivo. Nesse sentido, a Secretaria Estadual de Saúde, por meio da Coordenação Estadual de Saúde da População Negra de Pernambuco (CASPN) em conjunto com a Escola de Governo em Saúde Pública de Pernambuco (ESPPE) lançaram o curso “População Negra: Aspectos Sociais e Cuidados em Saúde”. Este relato objetiva apresentar a experiência do desenvolvimento do referido curso. O curso passou pelas seguintes atividades: Levantamento das temáticas prioritárias; Definição das Regiões de Saúde para o curso; Elaboração e pactuação do plano de curso; Credenciamento de instrutores e coordenação educacional; Estruturação do ambiente virtual de aprendizagem; Formação pedagógica com instrutores e coordenação educacional; Mobilização dos discentes para matrícula; Desenvolvimento; Monitoramento e avaliação. O curso vem sendo desenvolvido de forma contínua, no formato presencial, sendo executado nas quatro macrorregiões do estado. A matriz curricular contém 5 módulos: O Impacto do Racismo sobre a Saúde da População Negra, Saúde da População Negra: Comunidades Quilombolas e Comunidades de Religiões de Matriz Africana, Política de Saúde da População Negra: construindo caminhos para equidade em saúde e Atenção à Saúde da População Negra e a Doença Falciforme: longitudinalidade do cuidado (partes 1 e 2), distribuídos em 60 horas-aula. Concluíram o curso mais de 270 trabalhadores, desses, mais de 90% avaliaram o curso positivamente quanto às reflexões e os conhecimentos aprendidos pertinentes para realidade de atuação, a atuação da equipe pedagógica relacionando os conteúdos com a realidade dos serviços e as estratégias pedagógicas utilizadas, como também os desdobramentos dele nos territórios que tem reverberado no cuidado em saúde alinhado às necessidades da população negra. O planejamento e monitoramento do curso foram essenciais e se configuraram como espaço sistemático de troca de conhecimentos e experiências enriquecedoras. As barreiras vivenciadas, foram referentes às questões estruturais, a dificuldade de efetivação da contrapartida dos gestores municipais quanto a liberação e deslocamento dos trabalhadores, problemas com a conexão de internet nos momentos de planejamento/monitoramento, que prejudicou a participação qualificada de algumas pessoas da equipe pedagógica. Vale destacar a importância do processo de avaliação da formação no sentido de trazer caminhos para qualificação da oferta a cada ano.