Interseccionalidade e marcas da migração: cartografando tensões e invenções resistentes entre mulheres migrantes em Porto Alegre

  • Author
  • Jéssica Carina Sulzbach Rodrigues
  • Co-authors
  • Simone Mainieri Paulon
  • Abstract
  • Interseccionalidade e marcas da migração: cartografando tensões e invenções resistentes entre mulheres migrantes em Porto Alegre

    A migração tem sido temática de estudo em diversas áreas do conhecimento, como Direito, Geografia, Sociologia, Antropologia e Psicologia. Apesar do crescente protagonismo de mulheres em seus processos de deslocamento, ainda se percebe pouca atenção ao marcador de gênero entre os trabalhos que abordam processos migratórios. Faz-se importante reconhecer marcadores sociais e dinâmicas de poder em jogo, principalmente em um país colonizado como o Brasil que, devido ao mito da democracia racial, invisibiliza sofrimentos e violências experienciadas por mulheres migrantes. A pesquisa que aqui se apresenta, aborda o fenômeno de feminização das migrações, a partir de uma perspectiva decolonial, interseccional, antirracista e transcultural que busca abarcar a complexidade da temática evitando um olhar patologizante com que as mulheres em processos migratórios são usualmente estudadas. A partir dessas reflexões, o presente projeto de dissertação tem como objetivo geral investigar de que forma marcadores sociais têm se articulado com a condição de migrante de mulheres que se deslocaram do seu país de origem para Porto Alegre. Os objetivos específicos são: a) analisar quais marcadores sociais podem estar em intersecção com a condição e vivência de mulheres migrantes, b) investigar tensões e dificuldades enfrentadas por mulheres em deslocamento em Porto Alegre, c) identificar recursos de resistência que mulheres migrantes têm utilizado para superar os desafios de marcadores sociais em articulação com a condição de migrante e 4) aprimorar a escuta clínica de viés psicanalítico frente às questões que enlacem migração, gênero e raça. Para alcançar esses objetivos, a pesquisa afirma-se como uma pesquisa-intervenção, sustentada no método da cartografia. Entre as ferramentas privilegiadas no percurso de campo, lança mão de rodas de conversa com mulheres migrantes realizadas junto ao Programa de Extensão acadêmica “Clínica Feminista, Antirracista Interseccional” da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. As rodas são realizadas no idioma materno das interlocutoras, sendo ofertados pela pesquisadora mestranda um grupo em espanhol com migrantes hispanohablantes e outro em francês e crioulo haitiano. Atendimentos clínicos individuais e observações de eventos e conferências públicas realizadas junto ao segmento estudado também compõem o campo da pesquisa e adensam narrativas diarísticas, nas quais a análise das implicações das pesquisadoras e as articulações numa perspectiva feminista, psicanalítica e interseccional contribuem com a costura teórico-metodológica em debate. Ao final, o projeto almeja, além da abertura de espaço(s) de fala e escuta às participantes, reforçar a importância da ampliação de políticas públicas e de saúde que atendam às especificidades das demandas de mulheres imigrantes, de uma forma que abarque os atravessamentos interseccionais necessários à criação de espaços mais acolhedores, que atentem aos direitos humanos das mulheres que elegem o Brasil como suas novas moradas e ajudem a consolidar uma política migratória efetivamente inclusiva em nosso país.

    Palavras-chave: Feminismo; Interseccionalidade; Migração; Psicanálise; Violências de Gênero.

  • Keywords
  • Feminismo; Interseccionalidade; Migração; Psicanálise; Violências de Gênero.
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
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