A odontopediatria é a primeira especialidade odontológica de contato com crianças, tem por objetivo o diagnóstico, a prevenção e o tratamento dos problemas de saúde bucal do bebê, da criança, do adolescente e da gestante. A forma com que a consulta é conduzida impacta toda a relação do indivíduo com a sua saúde bucal ao longo da vida. Com a inserção do Cirurgião-Dentista nas Equipes de Saúde da Família por meio da Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) e o programa “Brasil Sorridente”, a atuação da Equipe de Saúde Bucal (ESB) tornou-se um potencializador na promoção e prevenção à saúde. Pacientes odontopediátricos em idade pré-escolar demandam métodos assertivos quanto a abordagem e adequação de comportamento, isto por apresentar características próprias quanto ao processo de comunicação, ainda em desenvolvimento. O manejo comportamental envolve três âmbitos distintos, são eles: linguístico, físico e farmacológico. O objetivo deste relato é descrever a vivência no atendimento odontopediátrico no contexto da Estratégia de Saúde da Família (ESF) aplicando as estratégias de manejo do comportamento. Trata-se de um relato de experiência realizado em uma USF em um município no Sul da Bahia, no período de março a dezembro de 2023, por uma Cirurgiã-Dentista Residente em Saúde da Família. As ações realizadas compreenderam: a ambiência; as técnicas de manejo do comportamento como “dizer-mostrar-fazer”, modelagem, reforço positivo e recompensa; atividades coletivas. O consultório odontológico foi ornamentado com elementos e figuras lúdicas para entreter as crianças, tornando-se um local mais agradável e uma experiência positiva já no primeiro contato. Na primeira consulta, realizava-se a anamnese e as intervenções ocorriam de forma gradual mediante a aceitação da criança, um dos métodos utilizados com essa finalidade foi o “dizer- mostrar-fazer” (DMF), técnica estabelecida em 1959 por Addelston, que englobou vários conceitos da teoria da aprendizagem e consiste em estimular a compreensão do paciente a respeito do procedimento, é dividido em três etapas: explicação do que será realizado;demonstração por vias táteis, visuais e auditivas, onde o paciente observa, toca e brinca com o instrumento; e por último a realização do procedimento. Outro método também empregado foi a modelação, que consiste em uma criança servir de “modelo” a outra, assistindo uma outra criança atuar de forma colaborativa durante o atendimento, a fim de modelar o seu próprio comportamento. Além disso, durante as intervenções, a técnica do elogio e reforço através do uso de palavras positivas era sempre utilizada, e após a consulta era oferecido uma recompensa por bom comportamento, geralmente um brinquedo de valor simbólico. Com essas práticas foi observado uma redução na ansiedade e maior aceitação ao tratamento, as crianças tornavam-se mais colaborativas. O diálogo com os responsáveis também se mostrou indispensável para estabelecer uma rede de cuidado apoiado, firmando compromissos quanto à saúde bucal da criança e possibilitando uma atenção longitudinal. Desse modo, notou-se que essas medidas foram eficazes no atendimento ao paciente odontopediátrico no ambiente da USF, proporcionando um cuidado direcionado e menos traumático. Além disso, ampliou a perspectiva dos profissionais de odontologia quanto ao seu processo de trabalho.