A aids (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida) pode ser entendida como o estágio avançado da infecção causada pelo vírus HIV, que ataca células específicas do sistema imunológico, responsáveis por defender o organismo, manifestando-se através de diversos sinais e sintomas. Pesquisas sugerem que a condição de maternidade, pode ser entendida como vulnerabilidade de gênero, mas também, em determinados casos, adquirir fator de proteção e autocuidado em mulheres que se encontram adoecidas. Esse trabalho apresenta os resultados de uma dissertação de mestrado que teve por objetivo analisar os sentidos produzidos por mulheres hospitalizadas em decorrência da aids a respeito da maternidade, na intersecção com o gênero, raça e outras vulnerabilidades. Trata-se de uma pesquisa qualitativa tendo como ferramenta a entrevista semiestruturada, realizada com mães hospitalizadas em decorrência da aids em uma clínica de doenças infecciosas de um Hospital vinculado ao Sistema Único de Saúde, localizado no município de Belém/PA. O referencial teórico e metodológico que orientou essa pesquisa foi o das práticas discursivas e da produção de sentidos e as entrevistas foram submetidas a análise discursiva. Os resultados parciais indicam que a maternidade é a principal fonte de afeto, ocupa um lugar central na vida dessas mulheres e faz com que elas oscilem entre as posições de cuidar e ser cuidada. Os estigmas relativos a aids são construidos de modo generificado, o que pauta as decisões sobre para quem contar ou não contar o diagnóstico.A falta de acesso às polítcas de prevenção amplia a vulnerabilidade de mulheres das classes populares e negras. Os resultados dessa pesquisa lançam luz à necessidade de repensar a forma como os temas maternidade e aids são tratados na nossa sociedade, bem como os modos como os serviços de saúde estão organizados. Além disso é importante refletir sobre os processos de implementação das políticas públicas e se essas apresentam respostas para as necessidades individuais e coletivas de mulheres que convivem com a aids.
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