Apresentação: A residência em Área Profissional da Saúde foi regulamentada em 2005, pela Lei nº 11.129, definida como “modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu, voltada para a educação em serviço e destinada às categorias profissionais que integram a área de saúde, excetuada a médica.”. Embora existissem experiências de formação multiprofissionais desde a década de 70, houve ampliação dos programas a partir de 2002, quando as Residências Multiprofissionais em Saúde (RMS) passam a compor o Projeto de Reforço à Reorganização do Sistema Único de Saúde - ReforSUS. O objetivo deste trabalho é, portanto, investigar o contexto histórico de criação e ampliação dos Programas de Residência em Área Profissional da Saúde e as concepções pedagógicas presentes nos documentos oficiais que tratam sobre esses programas. Desenvolvimento do trabalho: Foi realizada análise documental dos principais atos normativos: leis, portarias e resoluções, disponíveis publicamente, que tratam sobre desenvolvimento das Residências em Área Profissional da Saúde, no período de 2005 a 2015. Em posse dos documentos, teve início a análise do contexto e, posteriormente, das concepções pedagógicas presentes. Resultados: Identificou-se que em 2005, ano de publicação da Lei nº 11.129, o país era governado por Lula, que venceu a eleição presidencial de 2002, após um período de grande desertificação social e econômica do Brasil. Nesse período, a lógica neoliberal vigente induzia a redução dos recursos para as políticas sociais universais, transferindo-os para o pagamento dos juros da dívida pública. No que se refere à formação dos profissionais de saúde, algumas iniciativas que se propunham a impulsionar a reorientação da formação foram postas em prática no país, principalmente as que objetivavam mudanças curriculares nos cursos de graduação em saúde, entre 2001 e 2004. Na pós-graduação, foi incentivada a abertura de programas de residências médicas e multiprofissionais, que pautavam a reversão do modelo tradicional biomédico, centrado no hospital e na atenção curativa. No entanto, a análise das concepções pedagógicas adotadas, identificou o emprego de expressões, como: desenvolvimento de competências e habilidades, “saber fazer” e “aprender a aprender”, utilizadas pelo ideário educacional neoliberal com o intuito de afastar as discussões ideológicas e aproximar os processos formativos das pedagogias contemporâneas, que induzem a adoção de conteúdos “úteis” para o cotidiano do trabalho.Considerações finais: A adoção de concepções pedagógicas postas como inovadoras, pelos Programas de Residência em Área Profissional da Saúde, tem influenciado o empobrecimento dos conteúdos curriculares e uma supervalorização do método em detrimento do conhecimento. Como consequência, foi observado, a partir da análise dos documentos normativos, um distanciamento de ideários pedagógicos contra-hegemônicos, que pode estar impactando no afastamento dos profissionais de saúde da luta político-ideológica da Reforma Sanitária Brasileira.