Introdução: O Programa Saúde nas Escolas (PSE) desempenha um papel fundamental quando se trata da promoção da saúde de crianças e adolescentes, visando o cuidado em saúde e mais qualidade de vida em um aspecto geral para os estudantes. O cenário escolar se constitui em potente espaço para o desenvolvimento de ações relacionadas à promoção, prevenção e atenção à saúde, em especial as questões relativas ao cuidado com o corpo, a sexualidade e práticas sexuais seguras. No entanto, escolas e professores demonstram dificuldades e constrangimentos em tratar desses assuntos, por vezes, considerados tabus no meio rural. Nesse sentido, as ações desenvolvidas em escolas devem proporcionar um espaço não só de educação tradicional, mas também, de educação em saúde, que é um trabalho interprofissional, constituindo-se em oportunidades para a atuação do enfermeiro como educador em saúde. Nessa direção, o enfermeiro na escola é também um agente fundamental na promoção de um ambiente educacional seguro e saudável. O trabalho em conjunto com outros profissionais tais como, professores, agentes comunitários de saúde, assistentes sociais, contribuem para o desenvolvimento de ações educativas e de cuidado à saúde nesse cenário. Essas iniciativas podem abranger desde a promoção de hábitos saudáveis, cuidados com a alimentação, vacinação, e até temas mais complexos como sexualidade, bullying e autolesão provocada, dentre outros. Assim, a escola aponta como um espaço de promoção de saúde e de proteção, que favoreça a manifestação de dúvidas, sentimentos, emoções, bem como fomente nos estudantes o autocuidado para um viver com mais saúde. Ainda, cabe destacar que, as atividades extensionistas desempenham um papel fundamental para o fortalecimento da relação entre a universidade e a comunidade, proporcionando benefícios significativos para ambas as partes. A importância dessas atividades é multifacetada e abrange diversos aspectos, como contribuir para a partilha de saberes por meio da educação em saúde, e possibilitar que essas vivencias extensionistas se constituam em laboratórios de ensino para docentes e estudantes. Ainda nesse sentido, a prática extensionista favorece que os estudantes relacionem e apliquem seus conhecimentos teóricos em situações reais e desenvolvam competências e habilidades éticas, sociopolíticas, interpessoais e técnicas fundamentais a uma formação socialmente comprometida e convergente as necessidades comunitárias em territórios urbano e rural. Objetivo: Relatar a experiência de estudantes de enfermagem em oficinas sobre saúde de crianças e adolescentes escolares do meio rural. Desenvolvimento: Trata-se de um relato de experiência de estudantes de enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria, Campus Palmeira das Missões em oficinas sobre saúde de crianças e adolescentes escolares do meio rural. A atividade se deu por meio do projeto de extensão universitária “Práticas educativas em gênero, vulnerabilidade e cuidados em saúde de populações em contextos de vulnerabilidade em territórios urbano e rural”, promovida em parceria com a enfermeira responsável pela Estratégia de Saúde da Família Rural. Essa atividade se insere no escopo das ações do PSE e foi demanda pela diretora da escola. Dada a parceria entre Universidade e serviços de saúde no município, as oficinas foram realizadas como práticas extensionistas. As oficinas ocorreram no mês de novembro de 2023 em uma escola de ensino fundamental do meio rural de um município do Noroeste do Rio Grande do Sul. Participaram cerca de 50 estudantes matriculados entre o quarto e o nono ano escolar. Na primeira oficina, destinada aos estudantes do quarto ao sexto ano escolar, foram tratados temas relacionados à higiene pessoal e o cuidado à saúde. Após apresentação e abordagem inicial sobre a importância do cuidado à saúde de modo geral, foi realizada uma dinâmica interativa com balões contendo questões sobre a temática. Para tal, os estudantes foram distribuídos em grupos, os quais receberam um balão cada. Enquanto uma música tocava, o grupo ficava jogando o balão e, quando esta era interrompida, o estudante que estivesse com o balão no momento precisava estourá-lo e responder a respectiva questão. Essas questões deviam ser respondidas com verdadeiro ou falso, e o grupo de estudantes participava explicando o porquê da resposta proferida. A exemplo dessas questões tem-se: Devemos passar fio dental após escovar os dentes? O pé é mais sujo que a mão? Devemos trocar as roupas íntimas todos os dias? A segunda oficina abrangeu as turmas do sétimo ao nono ano escolar, cujos temas tratados foram adolescer e saúde sexual. A dinâmica interativa adotada foi a mesma acima relatada com balões contendo questões sobre a temática, seguindo o mesmo processo de execução. Nos balões continha questões como: Não existe preservativo feminino? Menarca é o nome da primeira menstruação? Camisinha serve só para evitar a gravidez? Em ambas as oficinas, após o término da dinâmica foi ofertado espaço para a troca de saberes, relato de vivências e esclarecimento de dúvidas sobre questões de saúde. Resultados: As duas oficinas contemplaram crianças e adolescentes, distribuídos conforme os períodos escolares. A idade dos estudantes variou entre nove e quinze anos. Destaca-se a importância de ações dessa natureza uma vez que as demandas escolares devem ser acolhidas pelos serviços de saúde, reforçando essa relação por meio do PSE. O uso de linguagem acessível e o diálogo aberto na fala introdutória sobre os temas de cada oficina favoreceu que os estudantes se sentissem acolhidos e instigou a curiosidade e o desejo de participação na atividade. Além disso, a adoção de uma abordagem de cunho mais participativo por meio da dinâmica realizada instigou que essas crianças e adolescentes se percebessem como sujeitos de sua saúde. Outro aspecto identificado foi de que as oficinas sensibilizaram os participantes para a importância do autocuidado, bem como despertaram a curiosidade e o desejo de esclarecerem dúvidas em relação ao corpo e sexualidade.
Considerações Finais: Abordar as temáticas de higiene pessoal e de educação sexual no ambiente escolar é uma ação estratégica que contribui par a promoção da saúde de crianças e adolescentes escolares do meio rural. Os temas tratados por meio de dinâmica lúdica interativa possibilitaram maior adesão das crianças e adolescentes nas oficinas, mostrando-se como potente ferramenta para a prática da educação em saúde. Ainda, favoreceu positivamente a partilha de saberes sobre questões de saúde, fortalecendo o PSE no meio rural a partir da relação entre comunidade escolar, serviço de saúde, e a Universidade por meio da prática extensionista.
Trabalho apoiado pelo ODH/Casa Verônica