Estigma e pertencimento: um olhar interseccional para o território por adolescentes participantes de projeto social da zona noroeste/santos

  • Author
  • Taís Costa Bento
  • Co-authors
  • Eunice Nakamura , Cristiane Gonçalves da Silva
  • Abstract
  • A Zona noroeste, conjunto de 16 bairros da cidade de Santos/SP, configura-se por seu comércio, serviços de saúde, educação e espaços de lazer, entretanto, conta com submoradias, em sua maior parte palafitas, sem infraestrutura e sem acesso a saneamento básico, demarcando uma região em alto grau de vulnerabilidade social permeada pela desigualdade social. A região conta com o Projeto Social local da presente pesquisa, que recebe crianças e adolescentes de 04 à 14 anos em situação de vulnerabilidade social. O objetivo desse trabalho é analisar a percepção de um grupo de adolescentes acerca do território onde habitam. Realizamos uma pesquisa qualitativa, baseada no método etnográfico. Até o momento, foram conduzidas 16 observações participantes em atividades de um projeto social no bairro da zona Noroeste/Santos com adolescentes de 11 a 13 anos. As desigualdades socioeconômicas da Zona Noroeste, em contraste com outras regiões de Santos, são perceptíveis na fala das/dos jovens. Elas/eles relatam nunca terem ido à praia e enfatizam a percepção negativa de como são recebidas/os em outros serviços localizados em bairros de classe média/alta. Para elas, seu território e as pessoas que nele vivem são associados a estereótipos negativos, sendo frequentemente consideradas bandidos [sic], o que resulta em intervenções policiais que violam suas residências. Ao mesmo tempo, apresentam um sentimento de pertencimento ao território ao discutirem vantagens e desvantagens de viver nas “ruas” ou nos “becos”, expressando algumas vezes uma valorização do trabalho no tráfico, mesmo que em forma de piada; piadas que também enfocam falas racistas entre os próprios jovens se mostram presentes. Pesquisas com jovens da periferia exigem uma compreensão ampla dos contextos sociais em que vivem, nos quais diferentes marcadores sociais se interseccionam, configurando diferentes territórios e as opressões nele vividas. Assim, compreender a percepção de crianças e adolescentes sobre o território onde habitam, através do olhar interseccional, se faz de grande importância.

  • Keywords
  • marcadores sociais, interseccionalidade, adolescência, território
  • Subject Area
  • EIXO 6 – Direito à Saúde e Relações Étnico-Raciais, de Classe, Gênero e Sexualidade
Back