Apresentação: A tuberculose (TB) é uma doença infecciosa causada pela Mycobacterium tuberculosis. No contexto brasileiro, continua sendo um importante problema de saúde pública, embora tenham ocorrido avanços significativos nas últimas décadas. A doença é mais prevalente em áreas urbanas, onde as condições socioeconômicas e a alta densidade populacional podem influenciar na sua propagação. O país possui um programa nacional de controle da tuberculose que visa a detecção precoce, o tratamento adequado e a prevenção da transmissão. Este programa é baseado em estratégias, como a busca ativa de casos, o tratamento supervisionado e a oferta de medicamentos gratuitos. No entanto, alguns desafios persistem, como o diagnóstico tardio, a adesão irregular ao tratamento e a resistência aos medicamentos. O objetivo foi realizar uma revisão da literatura sobre as dificuldades no tratamento da tuberculose na população negra no Brasil.
Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de uma revisão da literatura, em que foram utilizados dados do Boletim Epidemiológico de Saúde da População Negra publicado em 2023, além de artigos científicos encontrados na base de dados Pubmed. Os descritores utilizados para a busca foram: “Treatment Adherence and Compliance; Tuberculosis; Black People e Brazil”, em inglês, separados pelo operador booleano “AND”, sem recorte temporal ou de localidade.
Resultados: Como fruto das disparidades econômicas e de raça que se estruturaram desde o período da escravização, do início do século XVI até os dias atuais, em virtude de um projeto abolicionista incompleto e perpetuador de desigualdades, a população negra se infecta pela doença em um número proporcionalmente maior. Segundo o Boletim Epidemiológico de Saúde da População Negra, entre 2010 e 2022 foram notificados em média 73 mil novos casos de TB ao ano, dos quais aproximadamente 60% afetaram a população negra. Dentre os 78.057 casos novos diagnosticados em 2022, 9.738 (12,5%) ocorreram em pessoas pretas e 39.643 (50,8%) em pessoas pardas. Como resultado da busca na literatura, foram encontrados 4 artigos sobre o tema. Destes, 1 foi excluído por não se adequar ao tema. Pacientes negros/pardos foram associados ao maior risco de não conclusão do tratamento no Brasil, em um estudo que busca entender a associação do não preenchimento da Terapia da TB com variáveis sociodemográficas, clínicas e epidemiológicas. No período de 2001-2014 a taxa de abandono do tratamento foi de 11,3% no Estado de Pernambuco, sendo de 13,3% na população negra. Além disso, o perfil epidemiológico da coinfecção TB/HIV mostrou relação com a população parda/negra. Nota-se também maior mortalidade neste segmento, sendo maior para os coinfectados (3,6%), em comparação com indivíduos infectados somente pela TB. Os estudos mostram que a população negra possui maiores agravos no quadro de saúde, interrupções no tratamento e dificuldades de conduzi-lo até o estágio final.
Considerações finais: O enfrentamento da TB exige uma abordagem histórica que reconheça as desigualdades sociais e de saúde no contexto brasileiro, com o intuito de reduzir as disparidades na incidência e morbimortalidade na população negra e permitir o tratamento completo da doença.