A formação médica é um processo longo e complexo, que requer anos de estudo e prática para que um indivíduo se torne um profissional qualificado e apto a cuidar da saúde das pessoas. Desde o início da formação médica, os estudantes são expostos a uma carga horária intensa de disciplinas teóricas e práticas, que visam prepará-los para lidar com as mais diversas situações clínicas. No entanto, para romper com o modelo médico centrado a humanização das práticas de saúde vem ganhando espaço nas discussões em torno da qualidade dos serviços de saúde, bem como, da formação. Frente a esta realidade a Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) propõe, através do Projeto de Extensão “Pronto Sorriso”, oportunizar aos discentes do curso de medicina uma vivência no Centro de Oncologia e Hematologia de Mossoró/RN (COHM), que tem a finalidade de levar conforto e alegria através de técnicas teatrais a pacientes em tratamento contra o câncer, como prática humanizada em saúde, alicerçada nos princípios da Política Nacional de Humanização do Ministério da Saúde (PNH), de 2003. Esta política tem como proposta oferecer atendimento de qualidade técnica, ética e relacional. Nesta perspectiva, este trabalho objetiva relatar a experiência realizada pelos alunos do Projeto de Extensão “Pronto Sorriso” durante o período de fevereiro a dezembro de 2023, no COHM que contou com a participação da coordenadora do projeto e 26 alunos de períodos variados do curso. No intuito de compreender a prática do atendimento humanizado, os discentes participaram de uma capacitação prévia com profissionais da área de teatro sobre dramatização e teatralização. Assim, pôde-se planejar as vivências que seriam realizadas com os pacientes. Em seguida, iniciou-se as atividades que ocorreram semanalmente, aos sábados, nos 06 leitos existentes com duração média de 04 horas/dia. Como: arteterapia, musicoterapia, contação de histórias, momentos de escuta e de orações, quando solicitadas. Para descontrair e alegrar, os alunos portavam vestimenta e maquiagem de palhaço. O maior entrave do projeto foi a resistência, no início, dos pacientes para participar dos momentos lúdicos, tendo em vista sua vulnerabilidade permeada de dor, sofrimento e medo. O Projeto resultou para os discentes uma experiência extracurricular ímpar e inspiradora para a formação médica; incentivou a prática do atendimento humanizado onde se pode exercitar empatia, a comunicação eficaz e o cuidado integral com o paciente; oportunizou trabalhar as habilidades de comunicação, escuta e acolhimento na relação médico-paciente. A participação no projeto os fez enxergar que o atendimento médico não se restringe apenas ao conhecimento técnico dos profissionais, é preciso buscar estratégias que facilitem sua atuação relacionadas à capacidade de ouvir e ser sensível às questões particulares de cada um. Espera-se que as ações realizadas tenham impactado positivamente a vida não só dos pacientes com câncer, mas também de seus familiares. Ademais, acredita-se que a atuação dos discentes na experiência ora relatada, venha a contribuir para a formação de profissionais competentes permeada por uma relação médico-paciente integrada a humanização no contexto geral de sua prática médica.