HPV16 E HPV18 EM MULHERES E A CORRELAÇÃO COM ESTILO DE VIDA E CONDIÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS

  • Author
  • Pâmela Giuli Fleck da Silva
  • Co-authors
  • Giovana Dorneles Callegaro Higashi , Andrielen Rocha Bacchi , Vanessa Fontana Ribeiro , Camila Victoria Jaeger , Andressa de Souza Rosa , Nathalia Huffell Boézzio , Bruna Schmidt Kruger , Keli Verissimo Couto
  • Abstract
  • Apresentação: O Papilomavírus Humano (HPV) é considerado um problema de saúde pública que acomete homens e mulheres, tendo como principal forma de transmissão o ato sexual, causando uma infecção sexualmente transmissível (IST). Estudos mundiais evidenciam que cerca de 80% das mulheres sexualmente ativas, serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. No Brasil, cerca de 157 mil novos casos de infecção por esse vírus são registrados a cada ano. Considerando os altos níveis de infecção da doença por mulheres, se torna pertinente compreender o nível de informação e conhecimento das mesmas sobre o tema. Em estudo realizado com mulheres, com objetivo de avaliar o conhecimento das mulheres sobre o papilomavírus humano e formas de prevenção, constatou-se déficit de conhecimento nas mulheres participantes sobre o papilomavírus humano. Especialmente ao se tratar da forma de transmissão, causas e cuidados para a prevenção. Desse modo, o objetivo do presente estudo é investigar se há correlação entre o desenvolvimento de HPV16 e HPV18 em mulheres do meio rural com o estilo de vida e condições sociodemográficas. Seguindo a hipótese que mulheres com estilo de vida inadequado e/ou em condições sociodemográficas desfavoráveis e/ou com patologias associadas, tem maiores chances de desenvolver HPV16 ou HPV18. Método do estudo: Trata-se de ensaio teórico do tipo reflexivo, oriundo dos estudos e das discussões realizadas na disciplina de Atenção à Saúde no Contexto de Ruralidade, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ruralidade da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O presente estudo parte com objetivo de construir uma reflexão e compreender o contexto do tema, visando explorar a saúde da mulher, voltado mais especificamente ao HPV 16 e 18. Se tratando de um artigo de reflexão, e não uma revisão de literatura, não se delineou especificamente critérios de exclusão e inclusão para seleção do material bibliográfico. As referências teóricas, aqui utilizadas, foram abordadas pela própria autora, considerando a abordagem acerca do tema, independente do recorte temporal, objetivando reflexões e contextualizações sobre o tema. Resultados: Alguns fatores podem predispor a contaminação por HPV como, iniciação da vida sexual em idade precoce; ter mais de um parceiro sexual ou vida sexual anterior do parceiro; não usar preservativo. Assim como, aspectos relacionados a higiene inadequada, como contaminação pelos dedos, compartilhar objetos sexuais e infecção anterior por alguma Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). Outro fator importante relaciona-se a condições sociodemográficas, com o baixo nível socioeconômico, baixa escolaridade e desemprego. Em um estudo com com 539 mulheres, se teve o diagnóstico positivo para HPV em 302 participantes, sendo 56% da amostra. Em particular na pesquisa evidenciou-se que as chances de ser diagnosticado com infecção por HPV aumentaram entre mulheres mais jovens, fumantes, mulheres com baixo peso e nulíparas. Além dos fatores já descritos anteriormente, o estilo de vida também é considerado um fator de risco. Podendo-se citar, o tabagismo, esse estando relacionado ao aumento da incidência de contaminação por HPV. A explicação estaria associada a imunossupressão ocasionada pelo fumo, permitindo com maior facilidade a entrada do vírus nas células. Em um estudo com uma amostra de mulheres pertencentes ao meio rural, se evidenciou com principais fatores associados ao HPV um maior número de parceiros sexuais novos no último ano e tabagismo atual. O hábito de fumar se associou significativamente à infecção por HPV tendo uma prevalência 6,9 vezes maior quando comparado às não fumantes. O estudo de caso-controle do autor Liang et al., (2018), realizado com um grupo de gestantes, demonstrou como achados da pesquisa que mulheres HPV positivas tinham maior probabilidade de apresentar estilo de vida com exposição ao fumo passivo e consumo de álcool. O álcool em especial, pode atuar como modulador da função imunológica, podendo causar deficiência imunológica e deixar o indivíduo susceptível ao desenvolvimento de doenças crônicas e infecciosas. Para além dos fatores já citados, a alimentação tem um papel primordial sobre o HPV. Pois, o stress oxidativo em associação com uma alimentação inadequada, carente de alguns micronutrientes antioxidantes, como a vitamina C, o betacaroteno e o folato também podem deixar o indivíduo mais susceptível ao desenvolvimento da doença. Também, a vitamina D desempenha um papel protetor, pois evita a proliferação celular de células cancerígenas. Um estudo de coorte realizado com mulheres que investigou a infecção por HPV, teve como conclusão que mulheres com baixos níveis de carotenóides demonstram maior probabilidade de infecção persistente por HPV oncogênico. Enquanto, as que apresentam níveis mais altos do nutriente, têm uma medida de proteção contra infecção persistente.  Outro estudo investigou padrões alimentares que podem estar associados a presença do HPV e do risco de NIC de alto grau. As participantes do estudo foram mulheres que possuíam alguma alteração no exame Papanicolau, com HPV. Os autores conseguiram evidenciar que mulheres com hábitos alimentares saudáveis, baseadas em consumo de vegetais, legumes e verduras e azeite, reduz o risco da infecção por HPV. No entanto, reforçou-se a necessidade de mais pesquisas acerca do assunto. Em casos de infecção por HPV os micronutrientes atuam de maneira protetora, modulando as respostas imunológicas, formando uma barreira que impede a progressão do câncer invasivo. Dietas com padrões alimentares não saudáveis, ricos em alimentos industrializados como ultraprocessados pode ter efeito reverso e ser um risco a saúde. O padrão alimentar ocidental, foi associado a um risco significativamente maior de infecção por HPV em mulheres. Apesar da temática ser de grande relevância, pode-se constatar a necessidade de maior aprofundamento sobre o tema. Pois há limitações sobre o assunto, devido à escassez de novos estudos e o número limitado de artigos. Apesar desse contexto, o que foi encontrado gerou subsídio para uma discussão fundamentada sobre a temática proposta neste trabalho e revelou novamente a importância de novas pesquisas na área. Considerações finais: A partir desse ensaio teórico reflexivo, conclui-se que a infecção por HPV em mulheres está fortemente ligada a questões sociodemográficas e estilo de vida. Devendo-se considerar os aspectos individuais, sociodemográficos e estilo de vida do indivíduo, de forma a compreender o meio que a cerca, para além da infecção pelo HPV e a doença. Dessa forma, podendo ser efetivo o cuidado e o suporte para resolução dos problemas, de maneira mais humanizada e digna. Ademais, se mostrou a relevância de compreender o contexto de realidade dessa população, considerando que o estilo de vida não saudável, com hábito de fumar e ingestão de bebida alcoólica, podem ser fatores de risco para o desenvolvimento de HPV quando a mulher é exposta ao vírus. Assim como, a dieta adequada e saudável baseada em alimentos in natura e minimamente processados é uma peça-chave para um efeito protetor contra a doença. Reforçando novamente a relevância de construção de estudos sobre essa temática.

     
  • Keywords
  • Papillomavirus Humano, Saúde da mulher, Condutas de saúde, Fatores sociodemográficos
  • Subject Area
  • EIXO 5 – Saúde, Cultura e Arte
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