O presente relato de experiência expõe o êxito de uma metodologia ativa na formação de profissionais médicos na cidade de Belém através da produção de cuidados em saúde protagonizada pela população especial nas diferentes dimensões e níveis de atenção integral à saúde das Pessoas em Situação de Rua (PSR). O objetivo deste relato é evidenciar de que forma a Casa Rua atua como principal redutor de danos das PSR, por meio do conhecimento básico em saúde da comunidade através do contexto social urbano de Belém, bem como a prática do atendimento primário com populações especiais pela Casa Rua, presente em quase todas as cidades do Brasil. No caso da Casa Rua do bairro da Campina, a orientação teórica foi a base comum para a compreensão dos fatores legais e éticos do porquê exatamente estava-se visitando aquela região, exemplificado pela previsão da gestão da Casa Rua pela Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) e o estudo das formas de redução de danos individuais em artigos científicos. Como método, seguindo um cronograma, essa visita à instituição da Casa Rua do bairro da Campina foi estabelecida próxima à feira do Ver-o-Peso, de forma a observar o atendimento das equipes multiprofissionais buscando a inclusão e o atendimento básico do PSR. Em continuidade, foram estabelecidas as funções sociais da instituição naquela área, a qual resgata a dignidade ao elevar a autoestima por meio da produção artística, da higiene, da educação física, da literatura e da comunicação entre profissionais e os indivíduos, análogo à promoção do atendimento de saúde básica às PSR. Nesse contexto onde os determinantes sociais da saúde do ambiente urbano da cidade de Belém ditam o modo de vida das PSR, existe uma vulnerabilidade social existente em virtude desse processo, pois através do Consultório na Rua, realizado por meio de psicólogos e agentes comunitários de saúde na praça onde havia uma concentração dessa população, foi possível exercer a conversa e a troca de experiências entre os profissionais da saúde e os indivíduos. Em conclusão, é possível reconhecer que a visita à realidade de uma população especial invisibilizada acompanhada de observação e pontuação de conceitos em atenção integral à saúde pode fortalecer a formação de um profissional da saúde, além de valorizar as PSR como cidadãos brasileiros. Dos encontros e entrevistas na Casa Rua e na Praça, foi possível entender que a questão da situação de rua não é genérica, mas sim individualista, pois cada pessoa nessa situação possui motivos totalmente singulares. Portanto, se o trabalho ocupa suas mentes e lhes permite ter concentração para superar seus vícios, a espiritualidade funciona como um suporte para renovar suas expectativas em um futuro mais digno e seguro garantido pela presença da família como um ponto seguro psicológico, social e afetivo. Então, para a redução de danos, isso requer uma abordagem envolvendo políticas públicas como a Casa Rua, visando oferecer assistência médica, apoio emocional, oportunidades de emprego e reintegração social a todos.