A Ilha do Combú é considerada, a quarta maior ilha de Belém-PA em tamanho territorial. Está situada às margens do rio Guamá, a 1,5 Km ao sul da capital paraense. Apresenta uma extensa área florestal, com árvores de grande porte e solos férteis, onde há a predominância do açaizeiro (árvore de açaí). Em 2018 sua população era estimada em 1500 habitantes. Na ilha há uma unidade da Estratégia de Saúde da Família (ESF), escolas de ensino fundamental I e II, coleta de lixo regular (três vezes na semana), energia elétrica, bares e restaurantes, além de grande potencial turístico. No entanto, a população não tem acesso a água tratada, algumas construíram poços artesianos, e praticamente não há direcionamento adequado de dejetos. Segundo funcionários da ESF, são fornecidos à população frascos de hipoclorito e outros materiais para o tratamento da água, e em algumas residências há fossas sépticas. Este trabalho teve como objetivo relatar a experiência vivenciada por discentes da disciplina: Atenção Integral à Saúde módulo I, do curso de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA) com a população especial: povos da floresta. A ESF apresenta boa estrutura física, a qual conta com uma equipe multiprofissional. No local também funciona um Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), que conta com uma terapeuta ocupacional e uma nutricionista. Atualmente a maior demanda de atendimentos no local está ligada a casos de hipertensão e diabetes, bem como alterações gastrointestinais, como gastrite e diarreia, por exemplo. Os principais fatores de risco identificados no local para o surgimento dessas doenças foram: alimentação inadequada, praticamente restrita a embutidos, enlatados, de preparo rápido, sedentarismo, hábitos como dormir após o almoço, consumo de água sem o tratamento adequado, falta de saneamento básico adequado, são rotineiros na comunidade. Quanto ao atendimento, os funcionários da ESF trabalham para torná-lo o mais humanizado possível. No local há instruções ilustradas e com “caminhos” coloridos, setas e imagens coloridas que identificam as salas dos consultórios e afins nos corredores da unidade, para que usuários não alfabetizados e deficientes, consigam situar-se dentro da instalação. Ademais, os moradores conseguem manter boa relação com os ACS, os quais marcam seus atendimentos via aplicativo de mensagens de texto. A equipe realiza constantemente campanhas de promoção de saúde e prevenção de doenças. Entretanto, um dos principais desafios enfrentados pela população, segundo os funcionários, é o custo no deslocamento até a ESF. Há registros de que alguns usuários demandam por atendimentos de emergência no local, decorrentes de traumas físicos, como quedas, ferimentos de arma branca, picadas de animais peçonhentos etc. Através dos relatos da profissional da ESF, notou-se que os principais Determinantes Sociais da Saúde (DSS) são: gravidez na adolescência, relações consanguíneas, violência doméstica, analfabetismo, falta de saneamento adequado, sedentarismo e alimentação inadequada. Verifica-se, portanto, que embora a unidade apresente boa estrutura física e funcionários engajados a tornar os atendimentos diários mais humanizados e adequados possíveis, é preciso haver mais adesão da população ao trabalho de atenção primária à saúde oferecidas pela ESF à população da ilha.