Apresentação: o câncer do colo uterino (CCU) é causado pela infecção persistente dos tipos oncogênicos do Papiloma Vírus Humano (HPV), que infectam a pele ou mucosas, sendo transmitido principalmente por via sexual, entretanto há outros fatores de risco para o câncer cervical são a idade precoce da primeira relação sexual, múltiplos parceiros sexuais, má nutrição, o tabagismo, o uso prolongado de contraceptivos orais, dentre outros. É um tipo de câncer de alta frequência no Brasil e no mundo, sendo o terceiro câncer que mais acomete as mulheres, no entanto trata-se de uma patologia com alta probabilidade de cura quando detectada e tratada precocemente, sendo que a realização do periódica do exame citopatológico é simples e eficaz nesse processo, além disso a coleta é ofertada pelo Sistema Único de Saúde (SUS), integrado à Atenção Primária à Saúde (APS) por meio das Estratégias de Saúde da Família (ESF). O exame citopatológico, também chamado de Papanicolau ou exame preventivo do colo do útero, consiste na coleta do material cervicovaginal e da microflora da mulher, sendo que essas células são enviadas para análise. O CCU é predominantemente silencioso, com desenvolvimento lento e, na maioria dos casos, assintomático em sua fase inicial, sendo que sintomas como sangramento vaginal intermitente, principalmente após relação sexual, produção de secreção vaginal anormal ou, ainda, dor abdominal, queixas urinárias e até mesmo intestinais, aparecem no avançar da doença, dificultando o tratamento, que possui melhores resultados se o seu diagnóstico for precoce. Considera-se importante conhecer o perfil e as atitudes de mulheres frente ao citopatológico, a fim de traçar e repensar estratégias de cuidado que possam aumentar a adesão ao exame e o tratamento precoces do CCU, ampliando as chances de cura e o bom prognóstico da doença, portanto com o estudo objetiva-se identificar o perfil e as atitudes de mulheres atendidas em uma ESF frente ao exame citopatológico. Desenvolvimento: trata-se de uma pesquisa quantitativa, transversal e prospectiva, tendo como cenário um município de pequeno porte localizado na região do Extremo Oeste de Santa Catarina, desenvolvido junto às mulheres que pertencem à área de abrangência da ESF que o município dispõe. Os critérios de inclusão foram mulheres com idade igual ou superior a 18 anos; e, que estavam adscritas naquela ESF. O estudo não apresenta critérios de exclusão. A coleta de dados transcorreu em agosto de 2022, por meio de um questionário fechado e estruturado, aplicado no momento em que a participante chegava à ESF. As variáveis do estudo foram subdivididas e categorizadas em: Dados sociodemográficos: idade (em anos), raça/etnia (autorreferida), escolaridade, ocupação, estado civil (com ou sem companheiro, independente do registro civil); Dados clínicos: número de filhos, sexualmente ativa, dor ou desconforto durante a relação, sangramento durante ou após a relação sexual, uso de anticoncepcional, menopausa, corrimento ou coceira, histórico familiar de câncer do colo do útero, cirurgia prévia para retirada parcial ou total do útero; e, Dados comportamentais: há cada quanto tempo realiza o exame, motivo da sua realização, última vez (ano) que fez o exame, motivo por não ter realizado o exame no último ano, se retira o resultado quando está pronto. Posteriormente, foram organizados em Microsoft Excel e submetidos à análise descritiva. O projeto de pesquisa obteve aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição responsável, sob Certificado de Apresentação para Apreciação Ética nº 59434222.2.0000.5367. Respeitaram-se os princípios éticos em saúde regidos pela Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde. Resultados: fizeram parte do estudo 61 mulheres, com idade média de 40,01 anos. Destas, 52 mulheres já realizaram o citopatológico ao menos uma vez, evidenciou-se que as mulheres, em sua maioria, reconhecem a importância do exame como uma forma de prevenção ao câncer de colo do útero, o que é essencial para sua adesão, todavia, um pequeno percentual (5,8%) não retirou o resultado do último exame realizado, não tendo uma conclusão do seu exame. Verificou-se, dentre os resultados, que 41% das mulheres sentem algum tipo de dor/desconforto e 18% relatou sangramento durante ou após as relações sexuais, sendo esse um sintoma comum do CCU. 9,8% realizaram a retirada do útero (total ou parcial), por problemas uterinos como miomas e câncer em estágio inicial; 9,8% possuem predisposição genética, aumentando o risco para a doença. Neste estudo, 9 (14,8%) participantes mencionaram nunca ter realizado o exame citopatológico, e entre os motivos relatados, o principal foi por vergonha (33,4%), seguido de falta de tempo (22,2%), medo (11,1%), ausência de sinais e/ou sintomas (11,1%), não ter mais vida sexual ativa (11,1%) e falta de interesse (11,1%), esse dado é bastante preocupante visto que o que é a coleta é fundamental para a prevenção e tratamento precoce da doença. Com relação ao tempo de realização entre um exame e outro, das 52 mulheres que já fizeram o exame citopatológico ao menos uma vez, o período do último exame variou entre um e onze anos, com média de 2,28 anos, sendo que conforme o Ministério de Saúde, a recomendação é a realização anual do exame e, após a realização de dois exames seguidos, com um intervalo de um ano, não ocorrendo anormalidades e a paciente não apresentando queixas, o citopatológico pode ser feito a cada três anos, como forma de prevenção. Considerações finais: Conhecer o perfil e as atitudes de mulheres que buscam atendimento na Estratégia Saúde da Família com relação ao exame citopatológico auxilia a traçar e repensar estratégias de cuidado baseadas neste perfil e que possam aumentar a adesão ao exame e, consequentemente, a detecção e o tratamento precoces do câncer de colo uterino, objetivando ampliar as chances de cura e bom prognóstico da doença. Desta forma, essa pesquisa contribui com a identificação de problemas clínicos relacionados à saúde da mulher e dos motivos que muitas não realizam o exame citopatológico, possibilitando a busca ativa destes casos. Neste cenário, salienta-se a relevância da atuação do enfermeiro, não somente na realização de consultas, mas principalmente na sistematização de ações preventivas, estimulando as mulheres a realizar o exame citopatológico, por meio da demonstração dos benefícios para a saúde e as vantagens de iniciar um tratamento com diagnóstico precoce.