A formação de alunos do curso de Enfermagem na perspectiva das interseccionalidades de gênero, raça e classe social é um ato político, de posicionamento a favor das pessoas vulnerabilizadas no processo histórico de reprodução social e na compreensão da estrutura patriarcal capitalista branca, privilegiada nesse processo de produção de iniquidades. A subalternização da população negra no Brasil, ancora-se no mito da democracia racial, na negativa da existência do racismo, que se reproduz no discurso de igualdade, mas se escancara na precarização das condições de vida cotidianas, na necropolítica exercida em territórios diversos, periféricos ou não, de mortes concretas e simbólicas. Ou seja, o racismo é um determinante social da saúde que, por meio estrutural, situa os negros nas piores posições sociais, de acesso ao poder, à saúde e à educação. Além disso, o racismo institucional influencia na permanência estudantil de alunas/os negras/os em salas de aulas embranquecidas provocando sentimentos de não pertencimento, baixa autoestima, invisibilidade e não representatividade no corpo docente. Assim, a disciplina curricular Assistência de Enfermagem de Populações Vulneráveis tem agido na construção crítica do saber-ser-enfermeiro, resgatando também a importância histórica das Enfermeiras Mary Seacole e Yvone Lara, invisibilizadas e hoje parte apresentando as contradições, e na interface de pautar a branquitude como fenômeno responsável por forjar a ideia de superioridade racial. A branquitude é parte das aulas sobre a Política Nacional de Saúde Integral à População Negra (PNSIPN), dentre os outros temas que são discutidos, como saúde indígena, saúde da população em situação de rua, política para o grupo LGBTQIAPN+ e política de inclusão de pessoas com problemas de saúde mental/transtorno do espectro do autismo (TEA).
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