INTRODUÇÃO: A vigilância dos Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação ou Imunização (ESAVI) é fundamental para a segurança das vacinas , demandando uma gestão eficiente em saúde pública.. A Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca a imunização como meta da agenda 2030 para garantir uma vida saudável. A notificação e investigação dos ESAVI são essenciais para compreender sua ocorrência, riscos e grupos afetados, sendo a taxa de notificação um indicador-chave estabelecido pelo Plano de Ação Global para Vacinas. Embora haja progresso global na notificação de ESAVI, a subnotificação persiste no Brasil, devido a vários fatores. É necessária uma abordagem adaptada às particularidades locais, destacando-se a importância da geofarmacovigilância, que combina farmacovigilância e informações geoespaciais para monitorar e prevenir eventos adversos relacionados à vacinação. OBJETIVO: Analisar a distribuição espacial da taxa de notificação de eventos supostamente atribuíveis a vacinação e imunização, e os fatores relacionados ao cumprimento das metas estabelecidas pelo Plano de Ação Global para Vacinas. MÉTODO: Realizou-se um estudo ecológico abrangendo os 853 municípios de Minas Gerais, Brasil, analisando 34.027 notificações disponíveis no e-SUS Notifica. Utilizaram-se as análises espaciais Getis e Ord's Gi* e regressão geograficamente ponderada para identificar padrões de agrupamentos, cumprimento das metas de notificação e fatores associados à distribuição espacial das notificações. RESULTADO: Observou-se que 20,3% dos municípios de Minas Gerais não alcançaram a meta estabelecida de ? 10 notificações de ESAVI. Identificaram-se dois grandes aglomerados na região Norte do estado com baixas taxas de notificação ou mesmo ausência de notificações. As variáveis número de profissionais de enfermagem por habitante (coeficiente de regressão=0.644; p<0,01) e percentual de famílias residentes em áreas rurais (coeficiente de regressão=-0.013; p<0,01) mostraram associações significativas com as taxas de notificação. Observou-se uma distribuição heterogênea das taxas de notificação em todo o estado. CONCLUSÃO: Os resultados evidenciam desafios significativos na gestão da saúde em Minas Gerais, especialmente no que diz respeito à vigilância de ESAVI decorrentes das vacinas de covid-19. A persistência de aglomerados com baixas taxas de notificação destaca a complexidade e a necessidade de abordagens adaptadas às particularidades regionais. Isso requer investimentos em capacitação de profissionais de saúde, melhoria da infraestrutura de vigilância e educação da população sobre a importância da notificação desses eventos.