INTRODUÇÃO: Nova Iguaçu (NI) é um município da região metropolitana do Rio de Janeiro (RJ) com cerca de 800 mil habitantes. Em 2013, dois anos após a criação da Rede Cegonha (RC), foi implantada a Cegonha Iguaçuana, tendo como meta reorganizar a rede para facilitar o acesso às consultas e aos exames para o acompanhamento das gestantes. Este trabalho analisa o município a fim de contribuir com reflexões sobre três grupos de indicadores da RC: mortalidade e morbidade (G1); indicadores de atenção (G2); situação da capacidade hospitalar instalada (G3). OBJETIVOS: Analisar os indicadores da RC para os nascidos vivos (NV) de mães residentes no município de NI/RJ com foco nas maternidades que prestam serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). MÉTODOS: Análise documental e estatística descritiva dos indicadores da RC em NI entre 2013-2022. As fontes utilizadas foram os sistemas de informação, sites e documentos públicos do município e estado (como Tabnet RJ, Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde e Observatório Obstétrico). RESULTADOS: Sobre o G1, entre 2013-2022 a razão de morte materna (RMM) variou de modo importante, sempre acima de 33 (2016) e com maior valor no período pandêmico (246 em 2021); a prematuridade teve maior percentual em 2016, com 16,87%. A RMM apresenta dados mais expressivos que os encontrados no Estado do RJ e no Brasil. Os dados do G2 apontam que 72,83% dos NV por residência da mãe, no período de 2014-2021, foram de gestantes com o pré-natal adequado/mais que adequado, tendo 27,16% com pré-natal inadequado/não realizado. Além disso, a porcentagem de gestantes captadas no primeiro trimestre de gestação se manteve acima de 64% entre 2014-2021. A cobertura de Equipes de Saúde da Família (ESF) passou de 25,9% em 2013 para 48,5% em 2020 (ano mais atual disponível), entretanto a meta é que seja de 95%. Esses dados apontam que a ampliação da consulta pré-natal foi uma melhoria alcançada, mas o percentual de PN inadequado/não realizado ainda é alto considerando a possibilidade de ampliação da ESF nos municípios. A taxa de cesárea foi maior que 48% (2013-2021), embora a Organização Mundial da Saúde recomende taxas entre 10-15%. No G3, identifica-se o número de leitos para Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (25) menor do que o recomendado (necessários 35), ausência de Unidade de Cuidado Intermediário Convencional e Canguru (UCINCo/UCINCa) e apenas um Centro de Parto Normal (necessário 2 devido ao número de habitantes). CONCLUSÃO: Os indicadores analisados estão aquém das metas da RC e devem ser incorporadas melhorias. Por fim, a atenção ao parto e nascimento deve ser analisada em seus contextos de estrutura e oferta de serviços, de modo que possam ser subsídios para a mudança nas práticas assistenciais, em especial em contextos de municípios menores - maior perfil brasileiro de municípios.