Título: PERFIL DA VÍTIMAS DE EMERGÊNCIAS CLÍNICAS EM IDOSOS ATENDIDOS PELO SAMU 192/ES
Apresentação: As Emergências clínicas são consideradas uma importante questão de saúde pública, uma vez que são causas de morte de destaque em todo o mundo. No Brasil, esse cenário não é diferente, visto que o aumento de eventos clínicos emergenciais na população idosa brasileira está em crescente no século 21 e constitui uma problemática a ser enfrentada pelo sistema público de saúde, tanto pelas mazelas do prognóstico desses pacientes, quanto pela onerosidade dessas doenças ao setor público de atendimento. Ao lidar com desfechos clínicos, é preciso destacar que o idoso, devido à maior vulnerabilidade à inúmeras doenças, é um grupo de alto risco,seja por suas características acerca da senescência fisiológica, seja por fatores genéticos ou epigenéticos que aliada a maus hábitos de vida e condicionamento ambiental culminam num grande alvo de repercussões clínicas de caráter cardiovascular, endocrinológico, respiratório dentre outros. Ao longo dos anos, a cronicidade desse quadro está entre as alterações fisiológicas comuns do envelhecimento que tornam o idoso mais suscetível a emergências clínicas de inúmeras etiologias e principalmente eventos agudos com mau prognóstico caso não haja intervenções imediatas. Nesse contexto, é imprescindível uma atenção médica voltada ao idoso, a fim de aumentar sua expectativa e qualidade de vida. A atuação do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) em sua rede territorial e no estágio de vida idosa demonstra a necessidade de maior enfoque acerca dos acidentes clínicos nessa população e a caracterização do perfil desse idoso e de seu atendimento. No Espírito Santo, estima-se que essa parcela de indivíduos maiores de 60 anos alcance 800 mil habitantes até 2030. Dito isso, é evidente que a população idosa demanda estudos e políticas públicas aprofundadas, para adequar sua longevidade a um estado de melhor qualidade de vida. Portanto, faz-se necessário a relação desse grupo etário com o crescente agravo de doenças crônicas como cardiovasculares, neurológicas, endócrinas e respiratórios. Diante do exposto, é fundamental associar as emergências clínicas com a população idosa, levando em conta as peculiaridades do atendimento dessa faixa etária e das repercussões graves que um eventual quadro emergencial pode trazer a esses pacientes. A presente pesquisa tem como objetivo identificar o perfil dos pacientes em atendimentos clínicos feitos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do estado do Espírito Santo (SAMU 192/ES). Desenvolvimento do trabalho: Trata-se de pesquisa transversal que utilizará as informações do banco de dados da pesquisa primária intitulada “Rede de Urgência e Emergência: Estudo do SAMU 192 na Região Metropolitana do Espírito Santo”. A pesquisa primária foi caracterizada por estudo transversal com coleta retrospectiva de dados, a partir dos Atendimentos Pré-Hospitalares do SAMU 192, do estado do Espírito Santo, nos anos de 2020 e 2021, que foram coletados na Central do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência. A amostra coletada contém um total de 70.184 boletins de ocorrência de atendimentos primários feitos pelo SAMU 192/ES, dos quais 18767 foram em idosos com eventos clínicos. Foram considerados, na presente pesquisa, os atendimentos primários in locu de emergências clínicas envolvendo pessoas com idade maior que 60 anos realizados pelo SAMU 192/ES no ano de 2020 e 2021, no território específico. Quanto ao perfil das vítimas, os dados de interesse para a presente proposta de pesquisa foram: sexo (masculino e feminino) e idade ( entre 60 e 79 anos e acima de 80 anos). Sobre o atendimento, foram utilizados os dados: cidade de atendimento, período da semana (segunda a sexta-feira e fim de semana), turno de solicitação (diurno e noturno), tipo de recurso enviado (Suporte Básico ou Suporte Avançado), e tipo de incidente clínico (Acidente Vascular Cerebral, Convulsão, COVID 19, Diabetes e Dispneia). As informações obtidas foram inicialmente descritas com os cálculos da frequência absoluta e relativa, média, valores mínimos e máximos, bem como desvio padrão. Resultados: No que diz respeito ao perfil dos idosos com eventos clínicos, em maior parte são do sexo feminino (52,37%), entre 60 e 79 anos (61,129%). Ademais, os atendimentos ocorreram predominantemente em região metropolitana de Vitória, composta por Vitória, Vila Velha, Viana, Cariacica, Serra e Fundão (82,56%), de segunda a sexta (73,197%), no período vespertino (34,83%). Foram utilizados Unidade de Suporte Básico (UBS) na maior parte dos atendimentos (76,71%), e a ocorrência clínica mais prevalente foi “Dispnéia” (22%), seguido de Acidente Vascular Cerebral (8,7%), COVID 19 (8,7%), Dor Torácica (7,2%) e Diabetes (6,6%). A ocorrência dispnéia foi a mais prevalente no público idoso durante o período analisado,tal fato pode ser explicado pelas alterações da fisiologia respiratória durante o envelhecimento. Principalmente acerca de volume e capacidades pulmonares com diminuição da capacidade funcional respiratória desse grupo e os tornando mais suscetíveis a eventos respiratórios. Destaca-se que o período analisado e corresponde à época da pandemia do COVID 19, que pode ter influenciado a grande prevalência de dispneia nessa população. Ademais as repercussões clínicas de caráter cardiovascular mais importantes foram Acidente Vascular Cerebral e dor torácica, tendo em vista queao longo dos anos o quadro crônico de arteriosclerose, diminuição da distensibilidade da aorta, enrijecimento das artérias, comprometimento das funções motora e contrátil estão entre as alterações fisiológicas comuns do envelhecimento, tal questão aliada a um compilado de maus hábitos de vida, aumentam a incidência desse desfecho. A COVID 19 foi apontada como emergência clínica prevalente durante o levantamento, visto que,como informado anteriormente, os dados foram colhidos em época de pandemia. Aliados a isso, tem-se o fato de que o sistema imune do idoso padece de uma lentidão de resposta a infecções (ação macrofágica e linfocitária), o que permite uma maior suscetibilidade a processos patológicos de etiologia infectante. No que diz respeito a Diabetes, os idosos DM2 tendem a ter uma gama de comorbidades associadas, e não apenas a diabetes mellitus isolada. De modo que dificulta o manejo e adaptação ao tratamento desses pacientes, aumentando os riscos de desfechos negativos e emergências clinicas nesse quesito. Considerações finais: Diante do exposto, fica evidente a caracterização das principais emergências clínicas em idosos da região metropolitana de Vitória, sendo principalmente de caráter respiratórios e cardiovasculares. Faz-se, portanto, necessário adotar medidas de planejamento populacional a esse grupo etário, de modo a atenuar esses eventos e minimizar os agravos e desfechos de morbimortalidade.
APOIO FINANCEIRO: Programa Institucional de Iniciação Científica, Tecnológica e Inovação da EMESCAM - EDITAL FAPES Nº 09/2023 - PIBICES 2023.