TECNOLOGIAS PARA PROMOÇÃO DA SAÚDE EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES COM DOENÇAS CRÔNICAS: FALTA DE ADESÃO OU BEM-SUCEDIDAS?
Introdução: as tecnologias em saúde são uma ferramenta ativa de aprendizagem na formação e no aperfeiçoamento profissional de profissionais da área da saúde. Na Atenção Primária à Saúde, a educação contínua é vista como necessidade, tanto aos profissionais, os quais devem estar sempre melhor habilitados ao melhor atendimento, quanto à família e pacientes que convivem com doenças crônicas, que devem ter o conhecimento sobre a doença, como identificar gatilhos (quando houver, como no caso da asma) e como reduzir sintomas. Objetivo: verificar a adesão de tecnologias educativas sobre Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) pela equipe de Estratégia da Saúde da Família (ESF) e pela população-alvo (pessoa que convive com DC e família). Método: foi realizado uma pesquisa de caráter qualitativo, seguindo a Análise de Conteúdo de Bardin, para responder à pergunta de pesquisa: Qual é o nível de adesão e modelos de tecnologias em saúde voltadas às crianças e adolescentes com doenças crônicas? A busca foi baseada de acordo com os descritores buscados na plataforma Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), cujos são “criança”, “adolescente”, “tecnologia educacional”, “doenças crônicas”, “asma”, “diabetes mellitus” e “doença pulmonar obstrutiva crônica”, combinados pelos operadores AND e OR. A busca foi realizada nas plataformas digitais Scientific Eletronic Library Online e na Biblioteca Virtual em Saúde. Como critérios de pesquisa utilizou-se artigos nos idiomas em português, inglês e espanhol, publicados nos últimos 5 anos, disponíveis com texto completo. A pesquisa realizada no mês de dezembro de 2023, obtendo 80 resultados totais, sendo 3 na plataforma SciELO e 73 na BVS, após isso, foi realizado uma leitura flutuante de todos os títulos em busca das palavras chaves “promoção da saúde” e “atenção primária em saúde”. Foram selecionados 9 artigos no total, todos resultantes da BVS. Foram descartados, após a leitura, aqueles que não havia correlação com a atenção primária e com doenças crônicas, resultando em 7 artigos totais utilizados no estudo. A pesquisa teve base com o projeto de pesquisa desenvolvimento de tecnologias cuidativo-educacionais voltadas a promoção da saúde e prevenção de agravos na atenção primária, focado, então, em crianças e adolescentes portadoras de doenças crônicas não transmissíveis. Resultados: no artigo de Oliveira et al., realizou-se a criação de uma cartilha com ensinamentos para crianças e adolescentes dependentes de cuidados especiais. A cartilha foi composta por diversos temas, desde informações simples como higiene das mãos até mais complexas como limpeza de materiais, cuidados com subcutâneos e com sondas. A efetividade de adesão do material não foi citada no artigo, pelo motivo de terem sido recém entregues ao público da atenção primária. Ademais, no artigo de Silva et al., foi realizado a criação de um programa virtual para acompanhamento com pacientes diabéticos, o Telediabetes. Essa tecnologia foi destinada para profissionais da atenção primária e criada por professores da UFAM. A intenção da tecnologia é que sejam disponibilizadas videoaulas que possam ser transmitidas pelo polo Telessaúde, sendo então disponibilizado para todas as unidades básicas de saúde de todos os 61 municípios do estado do Amazonas e das cinco áreas indígenas do interior. O programa foi considerado válido pelos profissionais da APS, auxiliando na expansão do conhecimento, não ficando restrito apenas para os profissionais que possuem uma área muitas vezes difícil de fazer visitas domiciliares, melhorando a assistência daqueles que vivem com diabetes mellitus. No artigo proposto por Vasconcelos et al. (2023) os autores construíram e validaram um álbum seriado para promoção da autoeficácia de pais e/ou cuidadores no manejo da asma infantil. O álbum tem a disponibilidade de assuntos técnicos de como manejar a asma infantil, identificação de gatilhos, como manejar o inalador, e entre outros assuntos. O artigo de Más et al. cita sobre a construção de um material educativo para prevenção do excesso de peso infantil na atenção básica. Apesar das políticas públicas nacionais sobre a alimentação saudável, como a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN), o proposto na política não estava sendo bem-sucedido, o que reflete no perfil do estado nutricional das crianças brasileiras. Foi criado então um álbum seriado embasado nas necessidades de mães e profissionais da saúde da APS em relação a promoção da saúde com crianças e adolescentes com excesso de peso. Discussão: as doenças crônicas são
caracterizadas por terem uma progressão lenta e de longa duração, sendo que algumas podem se estender por meses ou perdurar por toda a vida, tendo uma prevalência permanente. A prevalência das DCNT observadas de 2008 a 2019 variou de 22,4% a 29,52%, tendo, portanto, uma incidência em 11 anos de 7,12% de ter pelo menos uma doença cônica não transmissível. Isso gera uma incidência de cerca de 0,647% a cada ano observado. Da mesma forma, as DCNT, em 2019, geraram um índice de mortalidade por DCNT de 54,7% dos óbitos totais (incluindo causas não crônicas). Dessa forma, relaciona-se a problemática de adesão aos cuidados de promoção da saúde por profissionais de APS ao cuidado com crianças e adolescentes que convivem com DCNT, tais como asma, diabetes mellitus, obesidade, etc. A teoria de promoção da saúde proposta por Nola J. Pender, emerge uma proposta de interagir com a enfermagem à ciência do comportamento, identificando fatores que influenciam comportamentos saudáveis, além de ser um guia para explorar o complexo processo biopsicossocial que motiva indivíduos para se engajarem em comportamentos produtores de saúde. Baseada nessa teoria, um dos componentes do modelo são as barreiras existentes para a ação percebida. Esse componente baseia na percepção dos obstáculos, pelo enfermeiro, e dos custos pessoais para a realização de um comportamento promotor de saúde. Medo, insegurança e falta de embasamento científico para o cuidado com crianças portadoras de DCNT são fatores que justificam as barreiras. A criação de materiais como cartilhas que promovem o conhecimento científico básico como lavagem das mãos, higiene oral, até procedimentos mais complexos como aplicação de insulinoterapia, aspirações de traqueostomias auxiliam na quebra dessa barreira e resultam em um auxílio na promoção da saúde. Os instrumentos tecnológicos promovidos para APS devem ser de fácil entendimento, com linguagem, de certo modo coloquial, atrativo, a fim de atender às necessidades específicas de uma determinada situação de saúde para que as pessoas se sintam estimuladas a tê-las (as tecnologias). Embora os resultados evidenciem que o conteúdo da tecnologia é valido pelos profissionais da saúde, é necessário que esses instrumentos estejam nas mãos da população-alvo, uma vez que o intuito das tecnologias é promover a saúde e melhorar a segurança e qualidade do cuidado de crianças e adolescentes com DCNT de longevidade. Conclusão: destarte, é importante ressaltar que a adesão depende diretamente da fácil entrega/ disponibilidade desses instrumentos tecnológicos para a população. A necessidade de atualização constante desses materiais, devido aos avanços das tecnologias e avanços de conhecimentos da área da saúde relacionado a DCNT geram um conflito com a fácil disponibilidade desses instrumentos. Uma vez, destaca-se o papel dos profissionais da APS em manter contato e visitas domiciliares com esses pacientes portadores de necessidades e cuidados, para que as tecnologias sejam distribuídas de forma igualitária a todos que necessitam, evitando conflitos, como os evidenciados por Pender (2002) em sua teoria, como os de barreiras, conhecimentos específicos, influências interpessoais e influências situacionais.