A interprofissionalidade tem sido uma temática proeminente na perspectiva de saúde, desde o final da década de 1970 e se insere com maior perspectiva, no Brasil, com o processo de redemocratização a partir dos anos 1980, sua lógica se fundamenta na abordagem colaborativa e integrativa que busca promover uma melhor prestação de serviços e cuidados de saúde, além de otimizar resultados em diversas áreas profissionais. Essa prática reconhece que nenhum núcleo profissional possui todo o conhecimento e habilidades necessárias para atender plenamente às necessidades complexas dos usuários, alcançando a integralidade. Concomitante a isso, sua viabilidade se estrutura de forma profícua na formulação do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como da perspectiva sistematizada das Equipes de Saúde da Família (ESF) e dos Núcleos de Apoio em Saúde da Família (Nasf), hoje denotadas Equipes Multiprofissionais (E-Multi). Este trabalho tem como objetivo vislumbrar as experiências vivenciadas após inserção do Programa de Residência Multiprofissional em Atenção Básica da Fundação Oswaldo Cruz (turma 2023-2025), na Unidade Básica de Saúde (UBS) 01 do Núcleo Bandeirante, localizada em uma das regiões administrativas do Distrito Federal. Nesta seara, busca-se compreender que a residência modifica o fazer profissional a partir de diversos olhares, devido a sua composição plural, ultrapassando uma perspectiva biomédica e acrescentando aquilo que não se vivia antes, pensando os sujeitos com suas particularidades e complexibilidades. Acredita-se que este contexto de trabalho em conjunto, favorece a compreensão da totalidade e especificidade de cada indivíduo ou comunidade, visto que os residentes chegam com energia e conhecimentos que, muitas vezes, se recrudesce na dinâmica exaustiva de trabalho que requer a Atenção Primária em Saúde. Na UBS 01 do Núcleo Bandeirante esta experiência tem se mostrado potencializadora quando se analisa a capacidade de inserção dos residentes nas equipes, sejam elas de saúde da família ou multiprofissional, bem como na resolutividade dos casos entendidos. Ao analisar os parâmetros encontrados antes e depois da intervenção das residências, é possível evidenciar um contexto de abordagem mais humanizada e integrada ao cuidado do paciente, levando em consideração não apenas as questões médicas, mas também os aspectos emocionais, sociais e culturais que influenciam a saúde e o bem-estar. Portanto, é possível inferir que a interprofissionalidade tem sido caminho viável e necessário para fortalecer as residências e o Sistema Único de Saúde, não apenas beneficiando os usuários e comunidades atendidas, mas também enriquece a prática profissional, promovendo o aprendizado contínuo, a inovação e o crescimento pessoal e profissional dos indivíduos envolvidos, reconhecendo a diversidade de conhecimentos, experiências e perspectivas, visando sempre alcançar os melhores resultados possíveis por intermédio da interprofissionalidade.