Trabalho realizado em um contexto de internamento em uma unidade de tratamento intensivo pediátrica, dentro de um Hospital Universitário, o qual traz o fortalecimento da equipe de saúde após a ampliação da compreensão do cuidado integral, que abrange não só as crianças nos internamentos prolongados ou constantes, mas as genitoras e acompanhantes, que apresentam marcas de vulnerabilidade significativas e trajetórias carregadas de muitas "pequenas misérias" e violações de direitos. O objetivo do trabalho foi refletir com a equipe multiprofissional sobre o conceito do cuidado integral, na perspectiva do Serviço Social, a partir de uma compreensão da totalidade, que implica no reconhecimento do caráter histórico do ser social como um complexo de complexos. A metodologia das atividades teve embasamento no Método para análise e Cogestão de Coletivos – Método Paideia também conhecido como roda de conversa. O método tem no diálogo sua principal ferramenta de intervenção, trazendo os sujeitos para o espaço coletivo, o lugar do encontro, a partir do entendimento de que ele é a pessoa mais adequada para expor suas necessidades e desejos e se beneficia ao se deixar afetar e ser afetado pelo outro. Foram realizados quatro encontros semanais, cada um com duração aproximada de 1 hora. A participação das genitoras foi voluntária. Dos 10 leitos da unidade, contamos com a participação de sete mães, em média. As profissionais da equipe multiprofissional atuaram como mediadoras, com escuta qualificada, questionamentos e problematizações, que buscaram contribuir para o desenvolvimento da capacidade de tomar decisões, lidar com conflitos e emoções, estabelecer relações e pactuações e resolver problemas. Após cada encontro, a partir da escuta e acolhimento realizados foram feitas, pelas profissionais, reflexões sobre o cuidado integral e como os fatores sociais impactam no sofrimento e na solidão, no ambiente hospitalar. Em um segundo momento, foi discutido com a equipe médica de assistência pediátrica a importância de compreender o sujeito que acompanha, além da patologia da criança que a trouxe ao contexto hospitalar; a necessidade do olhar crítico e sem julgamento moral para entender as demandas não clinicas como estratégias para atuar nos adoecimentos. Dito isso, concluímos que tivemos muitos avanços no cotidiano, que passaram a incluir ainda mais as genitoras como parte integrante para o sucesso de desospitalização responsável, com vistas a alta assistida e articulada com a rede de políticas públicas do território onde a família está inserida. Por outro lado, foi constatado também, por se tratar de um hospital universitário com grande rotatividade de profissionais residentes médicos e multiprofissionais, a importância de trabalho educativo constante na desconstrução de uma cultura julgadora que classifica genitoras como boas ou ruins. Por fim, a equipe multiprofissional assume a proposta de qualificar ainda mais suas ações de promoção da humanização do cuidado do paciente e familiar em internação e para uma alta responsável e assistida dentro da perspectiva da totalidade.